Por Alexandre Inagaki ≈ segunda-feira, 09 de abril de 2012
Tenho guardadas em casa dezenas de folhas de caderno e papéis sulfite com manuscritos da època em que usava canetas para rebobinar fitas cassete e rascunhar versos e contos. Alguns desses textos foram remixados e remasterizados, e tornaram-se posts e artigos. Outros permanecerão guardados no fundo da gaveta, e só não viram material de reciclagem porque ainda teimo em arquivar certos testemunhos de um passado cada vez mais desfocado.
Mas, assim como arqueólogos volta e meia encontram algum fóssil interessante em escavações, outro dia achei uma pérola inesperada fuçando esses meus papéis amarfanhados: uma brincadeira descompromissada que eu e alguns colegas de colegial fizemos, provavelmente no meio de alguma aula bocejante de química orgânica ou trigonometria. Cada um tinha exatas 5 linhas para iniciar um texto numa folha de papel almaço, e depois passava a vez para que o outro prosseguisse a história a partir daquele trecho. É até previsível que um texto desses, escrito por seis adolescentes desocupados, acabou repleto de piadas internas e referências pouco edificantes a professores e coleguinhas de classe. Mas me rendeu boas risadas oriundas da época em que eu era um cara com muito menos superego, escrevendo bobagens como se fosse um bêbado com dor de cotovelo tuitando freneticamente.
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