sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Marcola do país da macarronada

Texto integral
O Marcola do país da macarronada

DIOGO MAINARDI

O Brasil negou o pedido de extradição de Cesare Battisti durante minhas férias. Férias na Itália. Acompanhei o episódio de longe, pela imprensa italiana. "La Repubblica" publicou o seguinte comentário:

"No país do samba, há uma espécie de cumplicidade ideal com todos os Battisti do mundo, com os terroristas, com os justiceiros. Lula deve ter pensado que a Itália é uma republiqueta como a sua. (Ele) acredita que o mundo inteiro é formado por paisecos no limite entre o populismo e a ditadura militar".

Ponto.

Nos últimos anos, "La Repubblica" foi um dos jornais estrangeiros que mais tolamente se encantaram com o presidente brasileiro. Agora mudou. A abestalhada claque italiana de Lula passou a enxergá-lo como um retrato do caudilho bananeiro.

Um documento que recebi na semana passada pode ajudar a explicar essa baba raivosa na boca dos italianos. Trata-se da ficha do Ros - o Grupo de Operações Especiais da polícia militar italiana - sobre os terroristas do PAC - os Proletários Armados pelo Comunismo -, do qual fazia parte Cesare Battisti.

Primeiro trecho:

"Os Proletários Armados pelo Comunismo formaram-se nos últimos meses de 1977, no âmbito da luta contra a nova realidade do regime carcerário de segurança máxima, que acabara de ser instituído".

E eu acrescento: os atentados terroristas do PCC, em maio 2006, ocorreram pelo mesmo motivo - a transferência de alguns membros do bando para o presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes. O PAC é o PCC do país da Tarantella (sim, estou parodiando o editorialista do "La Repubblica"). Tarso Genro alegou que Cesare Battisti foi perseguido por suas ideias políticas. A única ideia que ele tinha era essa: aliviar o cárcere duro, exatamente como o Comando Vermelho em Bangu 3.

Segundo trecho da ficha policial:

"Em 6 de junho de 1978, o PAC assassinou, na frente da cadeia de Udine, o coronel Antonio Santoro, comandante dos agentes penitenciários. No documento de reivindicação, lê-se: O Estado usa a cadeia como uma ameaça contra qualquer tipo de divergência, de obtenção de renda por outros meios, de conflito de classe. E para readquirir o controle dos presídios, isola a faixa mais combativa [dos prisioneiros proletários], o que acarreta seu aniquilamento. Precisamos deter esse projeto, reforçando nossa prática comunista, concretizando-a em armamentos e em contrapoder".

Compare-o agora a um manifesto do PCC: A introdução do Regime Disciplinar Diferenciado inverte a lógica da execução penal. E coerente com a perspectiva de eliminação e inabilitação dos setores sociais redundantes, leia-se 'a clientela do sistema penal', a nova punição disciplinar inaugura novos métodos de custódia e controle da massa carcerária, conferindo à pena de prisão o nítido caráter de castigo cruel.

O assassinato do coronel Antonio Santoro por parte do grupo comandado por Cesare Battisti, na realidade, teve um motivo bem mais banal do que se poderia concluir lendo o altissonante manifesto do PAC. Segundo a ficha da polícia, o chefe dos agentes penitenciários foi morto somente por causa da demora em oferecer atendimento médico a outro militante do grupo, que se machucou jogando futebol na cadeia. Aparentemente, o que os terroristas queriam obter era um Mário Américo para cada prisioneiro.

Em 1979, o PAC seguiu essa mesma lógica de apoio sangrento à bandidagem comum nos assassinatos de um joalheiro e de um açogueiro. De acordo com o documento preparado pelos Carabinieri, o bando de Cesare Battisti executou os comerciantes porque eles "fizeram justiça com as próprias mãos, matando dois assaltantes".

Cesare Battisti é isso, é só isso: o Marcola do país da macarronada.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

E HOJE ?...

Autor desconhecido

Há trinta anos, os adolescentes encontravam o sexo oposto em bailes de salão organizados por clubes, igrejas ou pais responsáveis preocupados com o sucesso reprodutivo de seus rebentos.
Na dança de salão o homem tem uma série de obrigações, como cuidar da mulher, planejar o rumo, variar os passos, segurar com firmeza e orientar delicadamente o corpo de uma mulher. Homens levam três vezes mais tempo para aprender a dançar do que mulheres. Não que eles sejam menos inteligentes, mas porque têm muito mais funções a executar. Essa sobrecarga em cima do homem permite à mulher avaliar rapidamente a inteligência do seu par, a sua capacidade de planejamento, a sua reação em situações de stress. A mulher só precisa acompanhá-lo. Ela pode dedicar seu tempo exclusivamente à tarefa de avaliação do homem.
Uma mulher precisa de muito mais informações do que um homem para se apaixonar, e a dança permitia a ela avaliar o homem na delicadeza do trato, na firmeza da condução, no carinho do toque, no companheirismo e no significado que ele dava ao seu par. Ela podia analisar como o homem lidava com o fracasso, quando inadvertidamente dava uma pisada no seu pé. Podia ver como ele se desculpava, se é que se desculpava, ou se era do tipo que culpava os outros.
Essa convenção social de antigamente permitia ao sexo feminino avaliar numa única noite vinte rapazes entre os 500 presentes num grande baile. As mulheres faziam um verdadeiro teste psicológico, físico e social de um futuro marido e obtinham o que poucos testes psicológicos revelam. Em poucos minutos conseguiam ter uma primeira noção de inteligência, criatividade, coordenação, tato, carinho, cooperação, paciência, perseverança e liderança de um futuro par.
Infelizmente, perdemos esse costume porque se começou a considerar a dança de salão uma submissão da mulher ao poder do homem, porque era o homem quem convidava e conduzia a mulher.
Criaram o disco dancing, em que homem e mulher dançam separados, o homem não mais conduz nem sequer toca no corpo da mulher. O som é tão elevado que nem dá para conversar, os usuais 130 decibéis nem permitem algum tipo de interação entre os sexos.
Por isso, os jovens criaram o costume de “ficar”, o que permite a uma garota conhecer, pelo menos, um homem por noite sem compromisso, em vez de conhecer vinte rapazes numa noite, também sem compromissos maiores.
Pior: hoje o primeiro contato de fato de um rapaz com o corpo de uma mulher é no ato sexual, e no início é um desastre. Acabam fazendo sexo mecanicamente em vez de romanticamente como a extensão natural de um tango ou bolero. Grandes dançarinos são grandes amantes, e não é por coincidência que mulheres adoram homens que realmente sabem dançar e se apaixonam facilmente por eles.
Masculinizamos as mulheres no disco dancing em vez de tornar os homens mais sensíveis, carinhosos e preocupados com o trato do corpo da mulher. Não é por acaso que aumentou a violência no mundo, especialmente a violência contra as mulheres. Não é à toa que perdemos o romantismo, o companheirismo e a cooperação entre os sexos.
Hoje, uma garota ou um rapaz tem de escolher o seu par num grupo muito restrito de pretendentes, e com pouca informação de ambas as partes, ao contrário de antigamente.
Eu não acredito que homens virem monstros e mulheres virem megeras depois de casados. As pessoas mudam muito pouco ao longo da vida, na realidade elas continuam a ser o que eram antes de se casar. Você é que não percebeu, ou não soube avaliar, porque perdemos os mecanismos de antigamente de seleção a partir de um grupo enorme de possíveis candidatos.
Fico feliz ao notar a volta da dança de salão, dos cursos de forró, tango e bolero, em que novamente os dois sexos dançam juntos, colados e em harmonia. Entre o olhar interessado e o “ficar” descompromissado, eliminamos infelizmente uma importante etapa social que era dançar, costume de todos os povos desde o início dos tempos.
Se você for mãe de um filho, ajude a reintroduzir a dança de salão nos clubes, nas festas e nas igrejas, para que homens aprendam a lidar com carinho com o corpo de uma mulher.
Se você for mãe de uma filha, devolva a ela a oportunidade que seus pais lhe deram, em vez de deixar sua filha surda, casada com um brutamontes, confuso e insensível idiota.
Stephen Kanitz

Você consegue um bom emprego na hora que bem entender? Você descola um amor do dia pra noite? Se entrar num banco, sai de lá com um empréstimo sem burocracia? Se você respondeu sim para todas estas perguntas, parabéns. E fique atento para o horário de partida do seu disco voador, pois a qualquer momento você terá que voltar para seu planeta.
Entre nós, terrestres, o sim é uma resposta rara. Na maioria das vezes, NÃO há vagas, NÃO querem editar nossos poemas, NÃO temos fiador, a garota NÃO quer ouvir uns discos na sua casa, o garoto NÃO quer usar camisinha e o guarda de trânsito NÃO foi com sua cara e vai multá-lo, sim, senhor. NÃO está fácil pra ninguém.
Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma visão pessimista da vida. As coisas são assim, dão certo e dão errado. Pessimismo é acreditar que ouvir um não seja uma barreira para realizar nossos planos. Tem gente que fica paralisado diante de um não. Nunca mais vai à luta. Já o otimista resmunga um pouco e em seguida respira fundo e segue em frente.
Quando eu tinha 17 anos, mandei uns versos para um concurso de poesia. Não ganhei nem menção honrosa. Daí entreguei meus versos para o Mario Quintana avaliar. Ele não respondeu. Neste meio tempo eu estava apaixonada por um cara que ignorava minha existência. Quando eu não estava pensando nele, fazia planos de morar sozinha, mas meu estágio não era remunerado. Aí quis viajar para a Europa, mas não consegui entrar num programa de intercâmbio. Surpreendentemente, não me passou pela cabeça a idéia de me atirar embaixo de um caminhão.
Hoje tenho nove livros publicados (cinco deles de poesia), sou casada com o homem que amo, tenho a profissão dos sonhos e viajo uma vez por ano, e tudo isso sem ganhar na megasena, sem cirurgia plástica, sem pistolão ou pacto com o demônio. O segredo: cada não que eu recebi na vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Não os colecionei. Não foram sobrevalorizados. Esperei, sem pressa, a hora do sim.
O não é tão freqüente que chega a ser banal. O não é inútil, serve só para fragilizar nossa auto-estima. Já o sim é transformador. O sim muda a sua vida. SIM, aceito casar com você. SIM, você foi selecionado. SIM, vamos patrocinar sua peça. SIM, a Ana Paula Arosio deu o número do celular dela.
Quando não há o que detenha você, as coisas começam a acontecer, sim.