quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Bóson de Higgs





O inglês Peter Higgs, em 1964, apresentou uma teoria afirmando que o espaço é permeado por um tipo de campo que influencia as partículas, e por trás desse campo está seu bóson. Tal bóson foi alcunhado de partícula de Deus. Alguns físicos teóricos cogitam que essa partícula elementar era o que faltava para explicar a formação do Universo através da união das teorias das quatro forças que dão origem à mecânica universal, a saber: atrações nucleares forte e fraca, magnetismo e gravidade. É interessante notar que antes da descoberta desse bóson, Einstein passou os últimos anos de sua vida procurando em vão a interação dessas quatro forças, desenvolvendo uma teoria a qual deu o nome teoria de tudo. Foi o período menos criativo da mente daquele gênio, e os cientistas que perseguem essa idéia são chamados unionistas, porque querem unir equações das quatro forças em uma só que explicaria tudo. Milhares de experimentos e observações, cálculos aparatosos que ocupam infinitos nano baites de supercomputadores e trilhões de neurônios das cabeças mais privilegiadas do Planeta, estão à caça dessa “coisa” que seria tudo ao mesmo tempo em que é nada. O Super Colisor de Hádrons foi construído visando detectar traços desse fugidio substrato de pó de cocô de micro vírus, e até agora nada.
Obviamente, apenas uns poucos habitantes do Planeta estão habilitados a falar sobre ou entendem essa fugaz “entidade” cuja existência foi apenas calculada matematicamente e cujo comportamento, parece, influi na criação e extinção das demais subpartículas atômicas e, por tabela, determinou a criação do universo. E, claro, não estou incluído nessa diminuta confraria. Não sou uma das poucas pessoas que podem escrever sobre ele, contudo, sou uma das bilhões aptas a falar de outras coisas diferentes do bóson de Higgs.
Posto isso, vejamos o que pode interessar para a imensa maioria da humanidade o esforço bilionário de recursos materiais e intelectuais que se despende em torno de uma coisa cuja existência, se formos bem magnânimos, se formos extremamente liberais, pode ser comparada com a existência da alma humana. O bóson é tão real quando a alma o é, e, a despeito da prova matemática, repito, só uns poucos escolhidos dentro de uma elite diminuta, acreditam na sua realidade, o resto da humanidade se tiver algum interesse nele pode aceitá-lo por motivo de fé, simplesmente. Não há qualquer resquício de possibilidade que nalgum futuro remotamente previsível, essa coisinha invisível sem massa, sem espectro, sem teor e sem sabor venha a fazer parte das conversas de botequim; venha se constituir em tema de escola de samba; venha batizar com seu nome time de futebol varzeano; ou que adentre os lares das pessoas onde serão discutidas suas propriedades e o quanto estas trouxeram de benefício para as pessoas comuns, e o quando a vida no Planeta seria diferente se nada soubéssemos sobre ele. O bóson, a rigor, não cheira nem fede para o resto da humanidade, se ele for detectado pelo Grande Colisor de Hádrons ou for definitivamente descartado, nós, pessoas comuns, nem de longe sofreremos qualquer modificação na nossa vidinha corriqueira. O bóson é o próprio sexo dos anjos.
Vejam bem, não sou contra que se pesquise sobre essa partícula, tampouco partilho a opinião que os recursos empregados nessa busca seriam mais bem destinados na cura do câncer ou na compra de iates e mansões para gente sem poder econômico para fazê-lo, quero apenas registrar minha impressão e meu assombro, nunca na história da humanidade se investiu tanto em onirismo científico deslumbrado. Abraços, JAIR, Floripa, 25/08/10.
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