domingo, 18 de novembro de 2007

Protestos virtuais

Autor: Paulo Castelo Branco –

Os novos movimentos de protesto popular se tornaram inoperantes nestes tempos de tantas falcatruas. As alegações dos governos de que não houve aumento da corrupção, e sim, incremento das investigações pode levar a população a se sentir segura quanto à veracidade das informações procedentes do poder instituído.

Sem a presença da UNE (União Nacional dos Estudantes – para quem já esqueceu), nos debates e nas ruas, parece que a situação do país é tranqüila, seguindo o rumo certo da democracia plena. A vitória dos ex-militantes de esquerda amorteceu os sentimentos profundos que explodiam nas manifestações que chegavam a colocar na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, milhares de brasileiros unidos em busca da utopia.

Foram muitas as ocasiões, desde a redemocratização, nas quais o povo foi para as ruas exigindo o fim da corrupção, do desemprego, dos impostos extorsivos, da insegurança pública e da falta de assistência à saúde.

Nesses novos tempos, o que vemos são os estudantes em busca de meia-entrada em tudo e recebendo as benesses do poder. Até mesmo as esperanças com a nova liderança estudantil se esvaem no silêncio de suas estrelas quando devem se pronunciar sobre as mazelas do país. É triste a constatação da leveza das palavras e das ações, que são tão distantes dos tempos dos Josés que lideravam os movimentos estudantis à época da ditadura: José Dirceu e José Serra; e agora, Josés?

A acomodação popular é conseqüência da falta de líderes. Os que existem foram cooptados pelo poder e silenciam, ou são extremamente moderados em seus pronunciamentos. O movimento sindical está satisfeito com tudo que acontece, e até os sem-terra ficam sossegados, despertando somente quando os recursos oficiais que os mantêm minguam. O último movimento popular de que se tem notícia foi o “Cansei”, que, parece, se cansou mesmo.

Mas existe um trabalho de bastidores que os políticos têm considerado muito bom para a governabilidade. É o protesto virtual que abarrota de mensagens as caixas-postais dos computadores oficiais. No mais recente episódio – o que examinava a cassação do presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros –, as informações publicadas na imprensa diziam que milhares de internautas pediam sessão e votação abertas e a cassação do senador.

As máquinas não suportaram tantas mensagens de protesto. É sabido que este método de protesto é infrutífero. Os senadores não precisam ter acesso direto aos e-mails, que são lidos por assessores. E, a prática é simples: aperta-se a tecla “selecionar tudo” e, em seguida, a tecla “”. Pronto. Sem polícia, sem violência e sem transtornos. As vias públicas ficam liberadas, os políticos tranqüilos e o povo sem respostas.

A solução do protesto virtual vem se juntar ao namoro no chat e à traição conjugal sem conseqüências para a família. Hoje é possível acompanhar os movimentos dentro de casa através de câmeras ligadas ao computador. É assim que muitos crimes são desvendados, muitos desaparecidos são localizados, e, também, muitas contas bancárias são violadas. É o mundo moderno, e ninguém, em sã consciência, se colocará contrariamente à evolução.

O que nos deixa perplexos é a desunião na defesa do interesse público. A população brasileira está inerte e voltada para seus problemas pessoais. Os que possuem condições financeiras se confinam em suas fortalezas, e os pobres se amedrontam com a violência urbana e, também, se curvam à força dos marginais que dominam as comunidades e as periferias das cidades.

Mesmo quando a criminalidade e a violência quase destroem a vida dos cidadãos de bem, eles se sentem impotentes para exigir das autoridades a proteção policial e programas sociais que minimizam as agruras. Se as autoridades instalarem computadores nas comunidades e na periferia, nenhum cidadão terá motivação para protestar pessoalmente contra os descalabros dos governos e governantes que se homiziam nos palácios cercados de segurança e se movimentam em viaturas, aviões e vagões blindados e com vidros escuros. Os protestos virtuais chegarão e serão deletados.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

COMO POSSO CONDUZIR MEU FILHO A CAMINHOS ERRADOS?

A CHEFIA DE POLÍCIA DE HOUSTON, TEXAS, PUBLICOU AS SEGUINTES DIRETRIZES IRÔNICAS SOBRE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS:

Como posso conduzir meu filho a caminhos errados?

1. Desde pequeno, dê ao seu filho tudo que ele deseja.

2. Ache graça quando seu filho disser palavrões, pois assim ele ficará convencido da sua originalidade.

3. Não lhe dê orientação espiritual. Espere que ele mesmo escolha "sua religião" depois dos 21 anos de idade.

4. Nunca lhe diga que ele fez algo errado, pois isso poderia deixá-lo com complexo de culpa.

5. Deixe que seu filho leia o que quiser... A louça deve ser esterilizada, mas o espírito dele pode ser alimentado com lixo.

6. Arrume pacientemente tudo que ele deixar jogado: livros, sapatos, meias. Coloque tudo em seu lugar. Assim ele se acostumará a transferir a responsabilidade sempre para os outros.

7. Discuta freqüentemente diante dele, para que mais tarde ele não fique chocado quando a família se desestruturar.

8. Dê-lhe tudo em comida, bebida e conforto que o coração dele desejar. Leia cada desejo nos seus olhos! Recusas poderiam ter perigosas frustrações por conseqüência.

9. Defenda-o sempre contra os vizinhos, professores e a polícia; todos têm algo contra seu filho!

10. Prepare-se para uma vida sem alegrias - pois é exatamente isso que o espera!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Amizade tem preço?

Sergio Noreti

Depois das amizades “virtuais” favorecidas pelo isolamento causado pelas novas tecnologias, chega à vez das amizades falsas no mundo real, criadas pela sociedade do consumo, onde tudo é mercadoria.

Aquele velho ditado que dinheiro não compra tudo está cada vez mais ultrapassado. Depois do Sex Personal Trainer e do Personal Stylist, chega ao mercado uma nova atividade que carrega o mesmo glamour do nome em inglês, mas que está criando muito mais polêmica: o “Personal Friend”.

Personal friend: é o “amigo” que não julga suas atitudes e sabe guardar segredo.

Basta ter uma polpuda conta bancária.

Traduzindo ao pé da letra: é um amigo de aluguel, que custa em media de R$ 300,00 reais por 50 minutos.

Alguns preferem acreditar que se trata de uma perspectiva de grande negócio, mas ao meu ver isso só reflete a decadência do ser humano em conviver com outras pessoas.

Como disse uma amiga em um dos meus post’s anteriores...

“Para o mundo que eu quero descer!”

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A corrupção no Brasil é endêmica

Dorival Behrend Silva

Este mal que assola o país de norte a sul, nasceu quando

os Portugueses aqui botaram os pés, distribuindo espelhinhos para os índio que não sabiam o que era corrupção, em troca de pau brasil.

É um mal que veio com as caravelas trazidas pelo vento,

como o pólem de uma flor, e fecundou em todo território nacional.

No País onde as leis foram feitas para proteger, garantir e sustentar reis sanguessugas e o poder dos senhores do Estado, mantendo a sua fartura em detrimento e

exploração do povo, que não tinha direitos a não ser a escravidão pura ou branca, só podíamos estar

atolados nesta lama pútrida.

Na falta de uma consciência de ser parte de uma nação, nosso povo tem como uma das suas características a

mania de levar vantagem em tudo e de pensar

somente no seu umbigo.

A nossa mentalidade de burlar as leis, e de que elas

foram feitas para os outros é que nos torna reféns deste mal, que hoje nos assombra ( a Corrupção), crime,

que parece comum para todos nós e que aparentemente

não nos afeta diretamente.

Ledo engano.

A corrupção tem nos trazido muitos males.

Tanto no governo como no meio privado.

O dinheiro desviado é desviado diretamente dos nossos bolsos.

Temos que trabalhar mais para pagar esta despesa.

Temos que pagar mais impostos, mais multas, mais juros,

etc. para sustentar tamanho roubo e rombo

e ainda temos; péssima assistência social, péssima

qualidade de ensino, péssima saúde, péssima infra

estrutura, péssima segurança, péssima justiça, péssima qualidade de serviços públicos, péssimos políticos etc.

A corrupção só vai acabar quando tivermos educação suficiente para entendermos que esta sem vergonha, não nos trás benefícios, e principalmente, quando os Corruptos e Corruptores forem exemplarmente punidos,

com Leis que realmente sejam eficazes e duras, pois tais elementos são criminosos de grande periculosidade.

Quando tivermos no coração, amor por nossa Pátria. Quando tivermos consciência e orgulho sermos uma Nação, educada, livre e democrática, de respeito ao ser humano e às Leis que regem nossa Sociedade então

talvez nos livraremos desse mal ou com certeza diminuirá

em muito.

sábado, 3 de novembro de 2007

A CULTURA CAIPIRA

É preciso pensar no caipira

como um homem que manteve

a herança portuguesa nas

suas antigas formas

A cultura caipira não é e nunca foi um reino separado, uma espécie de cultura primitiva

independente, como a dos índios. Ela representa a adaptação do colonizador ao Brasil e

portanto, veio na maior parte de fora, sendo sob diversos aspectos sobrevivência do

modo de ser, pensar e agir do português antigo.

Quando um caipira diz "pregunta", "a mó que", "despois", "vassuncê", "tchão (chão)",

"dgente (gente)" não está estragando por ignorância a língua portuguesa; mas apenas

conservando antigos modos de falar que se transformaram na mãe-pátria e aqui.

Até o famoso "erre retroflexo", o "erre de Itur" ou "Tieter", que se pensou devido a

influência do índio, viu-se depois que pode ter vindo de certas regiões de Portugal.

Como veio o desafio, a fogueira de São João, o compadrio, a dança de São Gonçalo, a

Festa do Divino, a maioria das crendices, esconjuros, hábitos e concepções.

É preciso pensar no caipira como um homem que manteve a herança portuguesa nas suas

formas antigas. Mas é preciso também pensar na transformação que ele sofreu aqui, fazendo

do velho homem rural brasileiro o que ele é. "Tabareu", "matuto", "capiau", "caipira",

o que mais haja, ele é produto e ao mesmo tempo agente muito ativo de um grande processo

de diferenciação cultural própria. Na extensa gama dos tipos sertanejos brasileiros ,

poderia ser considerado "caipira" o rural tradicional do sudoeste e porções do oeste,

fruto de uma adaptação da herança fortemente misturada com a indígena, às condições físicas

e sociais do Novo-Mundo.

Nessa linha de formação social e cultural, o caipira se define como um homem rústico

de evolução muito lenta, tendo por fórmula de equilíbrio a fusão intensa da cultura

portuguêsa com a aborígene e conservando a fala, os usos, as técnicas, os cantos,

as lendas que a cultura da cidade ia destruindo, alterando essencialmente ou caricaturando

Em compensação, no quadro de sua cultura o caipira pode ser extraordinário. É capaz, por

exemplo, de sentir e conhecer a fundo o mundo natural, usando-o com uma sabedoria e

eficácia que nenhum de nós possui.

O nosso caipira, do ancestral português herdou com a língua e a religião a maioria dos

costumes e crenças; do ancestral índio herdou a familiaridade com o mato, o faro na caça,

a arte das ervas, o ritmo do bate-pé (que noutros lugares chama-se cateretê), a caudalosa

eloquência do cururu.

O cururu e a dança da Santa Cruz são dois exemplos muito bons de encontro de culturas.

Parece terem sido elaborados sob influência dos jesuítas, que aproveitaram as danças

indígenas e o gosto do Índio pelo discurso e o desafio para enxertar a doutrina cristã.

Nada mais caipira que o cururu e a dança de Santa Cruz, que só existem em áreas de forte

impregnação originária dos antigos piratininganos. E nada mais misturado de elementos

portugueses e indígenas como tanta coisa que observamos nas catiras, nas histórias, nas

técnicas do homem rural pobre e isolado de velha origem paulista. Na primeira metade do

século, o caipira ainda era espoliado e miserável na maioria dos casos, porque com a passar

do tempo e do progresso, quem permaneceu caipira foi a parte da velha população rural

sujeita às formas mais drásticas de expropriação econômica, confinada, e quase compelida

a ser o que fôra, quando a lei do mundo a levaria a querer uma vida mais aberta e farta,

teoricamente possível.

Foi então que o caipira se tornou cada vez mais espetáculo, assunto de curiosidade e

divertimento do homem da cidade, que, instalado na sua civilização e querendo ressaltar

este "previlégio", usava aquele irmão para provar como ele tinha prosperado.

A tarefa, portanto, é procurar o que há nele de autêntico. Autêntico, não tanto no sentido

do impossível do originalmente puro, porque em arte tudo está mudando sempre; mas no

sentido de buscar os produtos que representam o modo de ser e a técnica poético-musical

do caipira como ele foi e como ainda é, não como querem que ele seja.

Por Antônio Cândido

Ensaista e Crítico literário emérito