quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Se Dilma Rousseff tives­se escapado daquele arrastão policial, seu destino provavelmente seria outro. Eram tempos estranhos. Dilma foi presa numa operação que mandou para os porões da repressão uma leva de militantes da Vanguarda Armada Revolucionária (VAR), grupo político que ela integrava. Durante 22 dias, foi moída a pancadas e choques elétricos por torturadores do Exército. Ficou quase três anos na prisão. É possível imaginar que, se não tivesse sido capturada pelas três equipes de agentes que a cercaram no centro de São Paulo no dia 16 de janeiro de 1970, Dilma teria seguido sua militância na VAR. Dois anos depois, então, ela poderia ser uma das pessoas escondidas na casa de número 8.695 da avenida Suburbana, no bairro de Quintino, no Rio de Janeiro. Tratava-se de um “aparelho” da VAR, como se chamavam os endereços clandestinos. Dilma talvez estivesse ali no lugar de Lígia Maria Salgado Nóbrega.

Lígia nasceu em 1947, como Dilma. Levava uma típica vida de classe média em São Paulo, semelhante a que Dilma tinha em Belo Horizonte. Em 1964, Lígia iniciou o curso de normalista no Colégio Fernão Dias Paes, no bairro de Pinheiros, enquanto Dilma entrava no Colégio Central, na capital mineira. Ambas começaram a se interessar por política nessa época. Em 1967, Lígia ingressou na Faculdade de Pedagogia, da USP. Dilma, na Faculdade de Economia, da UFMG. A exemplo de Dilma, Lígia era frequentadora assídua do centro acadêmico. Míope, pendurava no rosto miúdo óculos grossos, parecidos com os que Dilma usava. Ela era baixinha, tinha os cabelos castanhos curtos, repartidos ao meio. Antigos colegas se lembram de sua voz firme nas assembleias, quase uma surpresa para o jeito quieto que cultivava. No final de 1969, Lígia se vinculou a uma célula da VAR em São Paulo. Dilma fez o mesmo em Minas. No ano seguinte, as duas já eram militantes perseguidas pela polícia. Ao contrário de Dilma, Lígia conseguiu safar-se das quedas sofridas pela VAR em 1970 e se escondeu no Rio. Manteve-se na clandestinidade até aquele 29 de março de 1972, quando policiais do Dops varejaram o aparelho de Quintino. Houve tiroteio no local e um militante conseguiu fugir. Os outros três que estavam na casa foram presos: Lígia com um tiro no braço, Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo com um tiro na perna e Antônio Marcos Pinto de Oliveira sem ferimentos aparentes. No dia seguinte, o corpo de Lígia deu entrada no IML, vindo do Dops carioca. Tinha escoriações e manchas escuras pelas costas e a marca inequívoca da execução: um tiro na cabeça. Lígia ia fazer 25 anos e estava grávida de dois meses. A família do carioca Antônio Marcos recebeu seu corpo num caixão fechado. Ex-seminarista e poeta, ele havia morrido, segundo a autópsia, por “feridas transfixantes de tórax e abdome”, que lhe perfuraram vários órgãos internos. O corpo de Maria Regina, 34 anos, filha de um pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, formada em filosofia, também chegou ao IML no dia 30. Assim como Lígia, ela levara um tiro na cabeça. Hoje, Lígia Salgado Nóbrega é o nome de uma praça comunitária em Cidade Ademar, no subúrbio paulistano.

A vida sempre andou por um triz para os jovens da geração de 68 que enfrentaram o regime militar. A diferença da sorte de Dilma e Lígia é que, entre a prisão de uma e o assassinato da outra, a ditadura tinha mudado. Em 1968, o Exército havia aprendido a torturar, sempre justificando a ignomínia com o combate ao perigo terrorista. No ano seguinte, com a prática da tortura já disseminada, passaram a ser registradas algumas mortes em dependências oficiais. A maioria era de vítimas dos tenebrosos “acidentes de trabalho” dos torturadores. Em 1971, apenas um ano após a prisão de Dilma, passou a ser raro sair vivo dos porões da ditadura. A máquina da repressão tinha sido orientada para o extermínio, a eliminação total dos adversários. Os militares, então, operavam centrais como a Casa da Morte, em Petrópolis, no Rio, de onde ninguém escapou com vida. Em 1971 a repressão matou 50 pessoas, superando os 29 assassinatos do ano anterior. Entre dezembro de 1972 e outubro de 1973, houve 43 mortes.

Para uma parcela dos jovens da época, portanto, não é exagero falar em sobreviventes. Em 1988, quando se comemoravam os 20 anos de 68, Vladimir Palmeira, um dos ícones das manifestações estudantis que deram cara ao período, se lastimava: “A minha geração é a um só tempo gloriosa e angustiada: fomos presos, torturados, mortos, exilados e não conseguimos chegar a lugar nenhum.” Palmeira estava, então, participando da campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que, apesar da idade, era um típico produto da geração de 1977, a que apressou o fim de ditadura militar. “Veja só, hoje apoio um sujeito da minha idade, mas que em 1968 era um reacionário”, constatava.

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A DILMA QUE MORREU
As vidas de Lígia Nóbrega (foto) e Dilma se cruzaram.
Mas a ditadura determinou um destino diferente para as duas


O destino perdedor que afligia Palmeira estará superado quando Dilma subir a rampa do Palácio do Planalto para sua posse, no dia 1º de janeiro: 1968, enfim, terá terminado. “A minha geração é vencedora”, comemora agora o ex-ministro José Dirceu. “Chegou ao lugar que merece”, disse ele à ISTOÉ. Ainda um influente dirigente do PT, José Dirceu segue sem condições políticas de assumir cargos públicos. Outras figuras centrais de 68, no entanto, chegam ao poder ao lado de Dilma cotadas até para ocupar ministérios. O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, amigo íntimo da presidente eleita, é um deles. Pimentel foi um ativo militante da VAR, o mesmo grupo de Dilma e Lígia. Também pertenceram às organizações armadas o ministro da Comunicação Social, Franklin Martins (Movimento Revolucionário 8 de Outubro, MR-8), o assessor da presidência Marco Aurélio Garcia (Partido Operário Comunista, POC), o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc ( VAR) e mais uma penca de secretários e assessores do atual governo.Todos são entusiastas dos velhos tempos. Marco Aurélio Garcia, que era conhecido como Mag nos grupos clandestinos, já disse que os anos 60 foram “um momento luminoso do século passado.” No livro “1968, O Ano que Não Terminou”, do jornalista Zuenir Ventura, Franklin Martins recordou: “Não nos preocupava tanto se íamos ou não vencer. Estávamos preocupados em lutar.” Martins comandava colunas de estudantes nas passeatas de 68 e, no ano seguinte, participou do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Hoje ele se considera mais reformista, embora diga que ainda guarda um tanto do espírito da época: “A justiça social continua sendo o que me movimenta na política.”

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Planeta Terra em transe

Antonio Luiz M. C. Costa 29 de julho de 2010 às 15:43h

Multiplicam-se os sinais de recaída dos países ricos na crise e da incapacidade de seus governos de encontrar soluções

O debate sobre um segundo tempo da crise econômica dos paí-ses ricos ou, para os mais otimistas, uma “recuperação em W”, esquentou nas últimas semanas, com trocas de farpas entre economistas keynesianos e neoliberais e entre ambos e seus governos. A maioria dos banqueiros está decididamente com a ortodoxia neoliberal, mas seu pensamento já não é tão único.

A Casa Branca e vários governos europeus equilibram-se sobre o muro e a opinião dos investidores, a julgar pelas cotações de ações e títulos, é flutuante. Um dia ouve-se dizer que as bolsas caíram por “falta de confiança do mercado” na determinação dos governos de pagarem suas- dívidas, conforme alega a ortodoxia, no outro a explicação é que caíram por causa da expectativa de que as medidas de austeridade retardem a recuperação do crescimento econômico, conforme advertem os keynesianos. O Fed ora aflige-se com o crescimento da dívida dos EUA, ora com o risco de deflação. O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, bate boca com Paul Krugman sobre a possibilidade de saí-da do euro, desmentido que sinaliza que o risco é levado muito a sério.

Os juros exigidos dos títulos de dívida da Irlanda pelos investidores não mostram maior disposição do “mercado” de recompensá-la por seu pioneirismo nas “medidas de austeridade” europeias. Enquanto isso, caem os juros dos títulos de longo prazo do Tesouro dos EUA, apesar de a Casa Branca não cogitar de grandes cortes de gastos a curto prazo.

Da verve de Krugman, Prêmio Nobel de Economia e o mais popular dos paladinos do keynesianismo, surgiram as “fadinhas da confiança”. Entidades análogas a Papai Noel que seria preciso supor para justificar a lenda urbana corrente entre os “economistas de água doce” (os de Chicago, junto aos Grandes Lagos – os da Costa Leste são menos ortodoxos), segundo a qual acabariam por ser premiados os governos dispostos a fazer sofrer trabalhadores e pensionistas para agradar seus credores, na maior parte grandes bancos e fundos por eles administrados. Que, diga-se de passagem, só foram salvos, por ora, de uma quebradeira sem precedentes desde 1929 porque os mesmos governos se endividaram para resgatá-los.

Em sua coluna no New York Times, Krugman coleciona evidências de que a economia da autoflagelação (ou melhor, da flagelação das massas pela elite financeira) não compensa. A Islândia pôs banqueiros na cadeia, recusou-se a pagar a dívida de seus bancos em plebiscito e elegeu um governo de centro-esquerda no lugar dos fãs de Ludwig von Mises e Friedrich Hayek. Pois teve uma retração menor e mostra sinais de recuperação antes da Irlanda, para não falar da Estônia e Letônia – que cortaram decididamente gastos públicos e salários e sustentaram a cotação de suas moedas ante o euro para garantir que seus credores não perderiam um centavo. Os bálticos só têm como prêmio de consolação os elogios da revista The Economist, que publicou um mapa imaginário no qual os põe no lugar das Ilhas Britânicas, ao lado da Irlanda, enquanto relega o Reino Unido, endividado pelo socorro ao sistema financeiro, à vizinhança de Portugal e Espanha.

No mundo real, não se vê nenhuma preocupação do mercado com a solvência do Reino Unido: seu prêmio de risco é um dos mais baixos (57º na lista dos 69 principais devedores) enquanto a Letônia (em 8º) tem o terceiro maior risco entre os europeus (depois da Grécia e Ucrânia, 4º e 5º, respectivamente). Portugal, Lituânia, Islândia, Irlanda e Espanha são vizinhos nessa escala (13º, 15º, 16º, 19º e 20º, respectivamente), mesmo se tentam políticas diferentes.

A pressão generalizada pela ortodoxia não se justifica por qualquer evidência empírica, mas também não se deveria tentar explicá-la como crença em fadinhas, apego aos livros sagrados do neoliberalismo ou resultado de pulsões sadomasoquistas. A pressão visa aproveitar a crise para encolher ao máximo o Estado de Bem-Estar Social e as garantias trabalhistas e concentrar o máximo de renda no setor privado, numa reedição dos ganhos das bolsas estadunidenses e britânicas dos anos 80 e 90 após Margaret Thatcher e Ronald Reagan – sem perceber que, após décadas de concentração de renda e flexibilização do trabalho, a tentativa de reeditar o mesmo ciclo pode ser social e politicamente catastrófica.

Nos EUA, 58% de todo o crescimento real de renda gerado entre 1976 a 2007 foi embolsado pelo 1% de famílias mais ricas. Na base da pirâmide, houve estagnação e queda dos salários reais, agravada a partir de 2008 pela crise e pelo desemprego. Na Zona do Euro, o aumento da desigualdade nos últimos anos também foi marcante: em 2000, os 20% mais ricos ganhavam 4,4 vezes mais que os 20% mais pobres; em 2004, 4,8 vezes. Na Europa como um todo, cresce a percepção popular nos seus países mais prósperos de que a União Europeia é um pretexto para minar direitos sociais e trabalhistas – e naqueles que mais claramente haviam se beneficiado da integração, os países menos ricos da periferia europeia, o sonho subitamente acabou.

Em Washington, os vetores das pressões da ortodoxia incluem o Tea Party, o Partido Republicano e as grandes empresas industriais e financeiras. A atuação dessas na propaganda política não tem mais limite, visto que o Supremo decidiu que pessoas jurídicas também têm completa “liberdade de expressão”. A Câmara de Comércio dos EUA, o maior dos lobbies empresariais, abriu fogo contra os déficits, as novas regulamentações (da saúde e do setor financeiro) e o “crescimento do governo”.

Uma parcela crescente da opinião pública se deixa convencer de que a política “socialista” de Obama inibe o investimento e a recuperação. Obviamente, a falta de investimento deve-se à presença de capacidade ociosa na maioria dos setores, consequência da recessão, mas o discurso pragmático, centrista e racional do presidente, enfraquecido pelos resultados pouco convincentes da política externa, tem dificuldades em se fazer compreender ante o apelo emocional do populismo de direita.
Na Europa, a principal alavanca das pressões é a Alemanha: ao fazer cortes de gastos públicos sem necessidade real e controlar o Banco Central Europeu, o país impõe ao continente uma austeridade artificial.

Contraproducente em relação aos interesses da própria indústria alemã, que tem os vizinhos europeus como seus principais clientes, mas que faz sentido em relação aos interesses percebidos do setor financeiro. Só a ameaça da França de pular fora da canoa do euro pôs um limite à truculência de Angela Merkel, disposta a deixar a Grécia quebrar para evitar a derrota governista numa eleição local. Os eleitores alemães sentem menos a crise. Ali, onde o aumento do desemprego foi relativamente pequeno e parece ter sido controlado, a percepção é que os outros países devem se arranjar como puderem. Não percebem o quanto essa política é desastrosa para gregos, portugueses e espanhóis, cuja economia está em queda livre, e o quanto sua prosperidade depende do resto do continente. Os mesmos analistas que se dizem preocupados com governos que não agem para reduzir o déficit entrarão amanhã em pânico com as manifestações e os conflitos sociais que tais cortes causarão.

Dos EUA ao Japão, passando pela Europa, as forças de centro e centro-esquerda, estejam ou não no poder, falham em apresentar discursos e propostas coerentes ante a crise. Receiam ser marginalizadas como “radicais” se apostarem em planos ousados e posições firmes. Em busca de um consenso impossível, repetem o discurso da direita em tom mais sereno e executar de maneira tímida e hesitante, as mesmas medidas que a direita exige com entusiasmo, principalmente a mais populista, que não tem vergonha de explorar preconceitos nacionais e raciais. Nos EUA, as principais vítimas são os hispânicos, transformados pelos republicanos, a partir do Arizona, em bodes expiatórios dos problemas nacionais. Na Europa, os muçulmanos: na França, a polêmica artificial em torno do “véu integral” usado por apenas duas mil mulheres no país serve de cortina de fumaça para desviar atenções do adiamento da aposentadoria e do escândalo L’Oréal.

Onde se mostram confusos e hesitantes, a direita populista, ao estilo de Sarah Palin e Glenn Beck ou de Silvio Berlusconi, aparenta clareza e entusiasmo e pode crescer, na medida em que consegue convencer um número suficiente de eleitores de que têm algo a ganhar ao tirar a rede de proteção aos menos favorecidos e expulsar imigrantes e minorias. Mas suas políticas não ajudarão a sair da crise e poderão agravá-la a médio prazo. O resultado mais geral é o impasse: na Alemanha, na França, no Reino Unido e nos EUA, veem-se governos enfraquecidos, dependentes de uma base parlamentar cada vez mais frágil.

Krugman gosta de fazer a comparação entre os EUA de hoje e o estagnado Japão pós-bolha dos anos 90, e também do atual cenário mundial com o dos anos 30 – e o debate atual como uma reedição, sem avanços, do que se deu entre Lord Keynes e Hayek na mesma ocasião. O cenário também recorda, sob muitos aspectos, a América Latina dos anos 80 e 90.

Em todos os casos, a perspectiva econômica é de uma década perdida. Moratórias das dívidas de alguns países, falências de alguns grandes grupos financeiros e empresariais e dez ou mais anos de estagnação, acompanhada de forte queda de ações e títulos à medida que os investidores tomem consciência disso: a previdência privada não será mais atraente que a social. O desemprego permanecerá relativamente alto e as contas públicas precárias: sem crescimento, será difícil reduzir o endividamento.

A diferença entre eles está na resposta política. Nos anos 30, predominou o fascismo, exceto nos países de tradições democráticas mais sólidas. O Japão permanece no marasmo: a troca do Partido Liberal-Democrático pelo Partido Democrático não trouxe mudanças reais. Na América Latina, foi, na maioria dos casos, uma virada à esquerda com o crescimento de novas lideranças e movimentos populares. Qual o caminho a ser seguido pelos países ricos? Possivelmente serão divergentes e será muito difícil manter a unidade da Zona do Euro, ainda que nenhum dirigente ouse discutir o assunto abertamente. Mesmo que a moeda única sobreviva, o continente não conseguirá aplicar uma política econômica coerente ou ter um papel construtivo na recuperação global. Os movimentos separatistas em alta na Catalunha, no País Basco, na Irlanda do Norte, no norte da Itália e em Flandres mostram que está em questão não só o futuro da União Europeia, como o de seus próprios integrantes como nações.

O Ocidente, como um todo, tende a encolher em termos relativos, mas as políticas ortodoxas farão o recuo ser maior e mais rápido do que seria inevitável. Não estamos mais nos anos 30, quando a hegemonia da Europa e dos EUA era tal que sua crise deixava o mundo sem opção. Hoje, as nações independentes da Ásia e do Sul têm um peso muito maior. Sua demanda tem permitido que muitos dos países exportadores de petróleo e commodities da África, Ásia Central e América Latina prosperem.

Mas esses não estão isentos de problemas. As dificuldades das empresas exportadoras e o crescimento das greves e dos movimentos trabalhistas na China e no Sudeste Asiático sinalizam que, também lá, o “milagre” está chegando ao fim. Mais cedo ou mais tarde, o ritmo de crescimento vai ter de diminuir e a prioridade passará a ser redividir o bolo.

No melhor dos mundos, isso aconteceria de maneira coordenada, com o crescimento do mercado interno da China e, depois, de outros países periféricos substituindo gradualmente o dos Estados Unidos e da Europa. Em uma era de estagnação e conflito interno dos desenvolvidos, cenários catastróficos não estarão fora de questão. Um governo radicalmente conservador nos EUA, perspectiva muito plausível para 2012, pode se sentir estimulado à guerra para reativar a economia e tentar reverter seu declínio.

Fidel Castro, que voltou à ativa depois de três anos de convalescença, reuniu-se com os economistas do cubano Centro de Investigações da Economia Mundial, em 14 de julho, para discutir o risco de ataque dos EUA ao Irã (que inicialmente previu para junho) e pedir-lhes a se dedicarem quatro horas por dia, nos dez dias seguintes, a elaborar um “ensaio de ficção científica” sobre as opções da América Latina em caso de guerra nuclear. Sua preocupação talvez seja prematura, mas está longe de ser demência senil. •
Antonio Luiz M. C. Costa