sábado, 16 de fevereiro de 2008

Não estou mais, DIVIDINDO O QUE LEIO PARA MULTIPLICAR OPINIÕES

QUANDO CRIEI ESTE BLOG, IMAGINEI QUE PODERIA FACILITAR A COMUNICAÇÃO ENTRE AS PESSOAS MAIS PRÓXIMAS, TROCAR OPINIÕES, PROMOVER QUESTIONAMENTOS, ENFIM, MOVIMENTAR CONHECIMENTOS. ESQUECI QUE O FATO SIMPLESMENTE DE QUERER NÃO SIGNIFICARIA QUE COM UM MUNDO DE INFORMAÇÕES COMO O DISPONÍVEL NA INTERNET , O DESEJO DE UM AUTODIDATA NÃO PODERIA ESTIMULAR AS PESSOAS A ACESSAR EXATAMENTE ESTA PÁGINA. RECONHECENDO ESTA SITUAÇÃO EM TEMPO, ESTA É A ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO DE “ BEM-TE-VI”.

ESTE BLOG, PASSA A SER APENAS UM ARQUIVO PESSOAL, FAREI MEUS REGISTROS AQUI E ACABAREI DE VEZ COM A PAPELADA NA MINHA SACOLA CINZA, ARQUIVO EXTENSO DE INFORMAÇÕES DESTACADAS QUE ENCONTRO POR AÍ. PELO MENOS MINHA ESPOSA NÃO RECLAMARÁ MAIS DO ACÚMULO DE TANTO PAPEL.

A nossa cultura vai mal, e a nossa civilidade ainda pior.

Estamos falando da cultura segundo a antropologia, que avalia a totalidade de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano . Costuma-se definir um bom nível de conhecimentos como “mais cultura” já para a sociologia, desenvolvimento cultural é ver um mundo como um todo, saber apreciar uma ópera e também rituais de uma tribo.

Não concordo com quem chama de cultura elitista, a formação esmerada e dedicada de algumas pessoas, ao tempo em que reconheço que no lado prático já não é lá muito interessante ser diferenciado pelos conhecimentos amplos se na hora da troca, o saldo e bem negativo. Sempre senti vontade de saber muito, diante de dificuldades me restou admirar algumas figuras com inteligência acima da média, destacando-se assim, na política, na literatura, na música, no teatro e também na televisão.

“Entre as coisas que me surpreendem e humilham, figura esta, fundamental, que é a cultura de meus amigos e conhecidos. Não só a cultura no sentido clássico, mas também o conhecimento imediato das coisas e fatos que lhe estão sob os olhos no dia-a-dia da existência. Quem está a meu lado sempre leu mais livros do que eu, conhece mais política do que eu, já esteve em mais países do que eu, já teve mais casos sentimentais do que eu, estudou mais do que eu, praticou e pratica mais esportes. Paro e me pergunto que fiz dos meus anos de vida. Já fui atropelado e sofri alguns acidentes, como explosão, queda e afogamento. Mas entre os acidentados não estou na primeira fila. Tenho vários amigos que já caíram de avião, outros de cavalo, alguns sofreram pavorosos desastres de automóveis, um esteve preso num armário enquanto uma casa (não a dele, é claro!) se incendiava, outro ajudou a salvar o navio Madalena em meio a tremendas ondas que ameaçavam arrebentar sua lancha a todo momento.

Que fiz eu de minha vida? Em matéria de cultura encontro imediatamente quinhentas pessoas, só entre as que eu conheço, que sabem mais línguas do que eu, leram mais, falam melhor e mais logicamente, conhecem mais de teatro e citam com precisão escolas filosóficas, afirmando que tal pensamento pertence a esta e contradiz aquela. Que fiz eu? De esportes ignoro tudo, não sei sequer contar os pontos de vôlei, só assisti até hoje a uma partida de pólo, nunca joguei futebol e quando vou ver esses jogos desse esporte, só consigo reconhecer os jogadores mais famosos. Esqueço o nome de todos, e no domingo seguinte já não sei mais o escore da partida a que assisto neste. Nado mal, corro pedras, jamais consegui me levantar num esqui aquático, não guio lancha, joguei golfe uma vez, tênis seis meses, não entendo de velejar (o que já me causou uma grande humilhação diante de esportivíssimas americanas de quinze anos que me conduziram num passeio lá na terra delas), e, em matéria de mares, nunca lhes sei os ventos e fico parvo com o senso de direção de muitos e muitos de meus amigos que jamais supus tomassem nada de brisa e tufões. Guio, mas o motor de meu carro é para mim um mistério indevassável. Sei apenas abrir o capô e contemplar a máquina, atitude metafísica que até hoje não pôs carro algum em marcha.

Seria eu então um homem dedicado á cultura propriamente dita, aos livros, ao estudo, ao amor da leitura e do pensamento? Não, pois meu pensamento é confuso e minha leitura parca. Conheço homens, dos que não vivem de escrever, que pensam muito melhor do que eu e leram muito mais, sem contar os especialistas, que conhecem livro pelo cheiro.

Entre os que viajam também não sou dos que tenham viajado mais. Com o agravante de que nunca sei bem onde estou, não conheço a distância que vai de Roma a Paris, nem sei se Marselha está ao Sul ou ao Norte da Itália. Fico boquiaberto quando vejo amigos meus apontarem estátuas e falarem sobre os personagens que elas representam com uma facilidade com que falariam de si próprios. Mesmo o conhecimento de nomes, pessoas e fatos adquiridos em viagens eu o esqueço em três semanas. Mas não adianta o leitor querer me consolar, dizendo que talvez eu seja um bonvivã, porque nunca o fui dos maiores, tendo minha vida sido conduzida sempre numa certa disciplina, necessária a quem veio de muito longe. Donde o amigo poderá concluir então que eu sou um trabalhador infatigável, um esforçado, um detonado. E isso também não é verdade porque, com raras exceções, nunca trabalhei demasiadamente e cada vez procuro trabalhar menos, numa conquista ao mesmo tempo prática e filosófica. Bebo? Bebo mal e ocasionalmente. Não sei quando a bebida é boa ou falsificada. Não sei o nome dos vinhos mais triviais e sempre me esqueço qual é o restaurante em que eles fazem um prato que certa vez eu adorei. Por mais jantares a que tenha ido e por melhores alguns lugares que tenha freqüentado, devo sempre esperar que alguém se sirva na minha frente para não pegar o talher errado e o copo idem. Além do que não como muito, nem tenho nenhuma particular predileção por comer. Gosto então da vida calma, sou um praticante da meditação e do ioga? Nunca dos que mais o são. Por outro lado a extrema agitação também não me é familiar.

Que fiz da minha vida? Quando há um acidente de rua, vem-me o pavor de tomar partido, pois nunca tenho realmente a convicção do lado certo. Se fala o mais poderoso eu sou inclinado a ficar de seu lado por uma tendência a defender os que hoje são mais comumente acusados de todos os males, vítimas do tempo. Se fala o mais humilde sinto-me inclinado a defendê-lo por um ancestralismo que me faz seu irmão, por idéias arraigadas que fazem com que todo homem queira lutar instintivamente pelo mais fraco. Por quê? Não sei. Sou bom de guardar nomes, caras, datas? Já disse que não. Sempre esqueço o nome dos conhecidos e troco o dos amigos mais íntimos num fenômeno parifásico que só a loucura mesma explicaria ou então a bobeira nata que Deus me deu. E política meu conhecimento chega ao máximo de saber que o Sr. Lula pertence ao PT, Fernando Henrique ao PSDB, e creio que há alguns outros partidos também. Mas mesmo essas convicções não são inabaláveis e, se alguém me pegar desprevenido e fizer dessas letras e nomes outras combinações, lá vou eu a aceitá-las, embrulhado e tonto, até que outro interlocutor crie para mim novas combinações e novas confusões.

Mas peguem um puro e simples crime e eu nunca sei quem matou a empregada e em meu peito jamais se chegou a criar uma suspeita sólida a respeito do poeta de Minas. Isso, aliás é o máximo a que vou – sei que houve um crime em Minas Gerais, alguém matou alguém. O morto não está na lista de minhas lembranças, não sei de quem se trata. Sei que o indiciado assassino é um poeta, vi sua cara barbada e meio calva em muitos jornais e revistas. Mas meus conhecidos sabem de tudo. As mulheres de meus conhecidos então nem se fala. Que fiz eu de minha vida? – me pergunto de novo, honestamente, com a surpresa e a amargura com que o Senhor perguntava: “Caim, que fizeste de teu irmão?” Pois boêmio não sou, embora tenha gasto milhares de noites solto pelas ruas. Mas os boêmios me consideram um arrivista da boemia assim como os homens cultos me consideram um marginal da cultura. E os esportistas a mesma coisa com relação aos parcos esportes que pratico. Todos com carradas de razão.

E nem a maior parte do meu tempo foi gasta em conquistas amorosas, pois nesse terreno o Porfírio Rubirosa, se me conhecesse, me olharia com o mesmo desprezo com que me olham conhecidos galãs nacionais.

Dessa mente confusa, dessa existência confusa, dessas mal-traçadas-linhas de viver creio que só resta mesmo uma conclusão a que durante anos e anos me recusei por orgulho e vergonha – sou, por natureza e formação, um humorista

.

( Millôr Fernandes. Publicada no livro AS CEM MELHORES CRÔNICAS BRASILEIRAS


Fui atraído na Internet a participar de uma página bem intencionada com o nome de “Cultura Assimilada” com a intenção de trazer a discussão uma nova perspectiva de cultura. Pois bem, fiquei curioso e interessado, mas logo me decepcionei. Pobre de quem criou a comunidade e pobre de mim simples autodidata, um sonhador.

Ouvi uma senhora lamentando na fila do supermercado: “Cultura não é mais importante”. Importante é, mas estamos aprendendo a viver sem ela.

“A noção de nação , por exemplo, não nos é inata. Sem educação, é bem possível que um indivíduo não consiga se identificar com nada mais abrangente que sua família, ou grupo de amigos,” Outras coisas que achamos que nascemos com, mas na verdade são habilidades adquiridas são a capacidade de raciocínio lógico e pensamento crítico. De maneira alguma nascemos com eles. Pode-se argumentar que nascemos com a capacidade de adquiri-los, assim como nascemos com a capacidade de falar, mas não nascemos sabendo uma língua. Aprender a falar português e a raciocinar criticamente e logicamente são habilidades duramente conquistadas, a troco de grande trabalho que se estende por anos.

Paralelo a um curso superior se atrela a formação do cidadão, antes da formatura seria preciso aprender a viver em sociedade. É tanta gente se achando expressões, sem humildade, mas que de segunda a sexta não muda uma vírgula da realidade.


“Se todos os reitores das nossas universidades prestassem vestibular, seriam reprovados. Porque eles esqueceram. E fizeram isso porque são burros? Não. Eles fizeram isso porque são inteligentes. Porque a memória não carrega coisas que não têm função. Também seriam reprovados os professores universitários e os dos cursinhos só passariam na própria disciplina..

Eu seria reprovado. Tudo foi perdido. Já a caixa dos brinquedos está cheia de objetos que não servem para nada. Não há formas de usá-los como ferramentas. Lá estão a poesia de Fernando Pessoa, as sonatas de Mozart, as telas de Monet, pores-de-sol, beijos, perfumes, coisas que apenas nos dão felicidade. Assim se resume a educação.

Na Idade Média, época em que surgiu, a Universidade era o centro do saber. Para ela se dirigiam aqueles que queriam adquirir sabedoria, palavra que não tinha nenhuma relação com conhecimento técnico ou prático. A fama de ser o centro do saber é, talvez, o único resquício da instituição em nosso tempo. Todo o resto se perdeu. .


UMA DISCUSSÃO INTERESSANTE ENTRE DOIS EDUCADORES;

OPINIÃO A : De fato, para que serve saber números complexos, que os holandeses invadiram Olinda em 1630, balancear equações químicas ou saber o que José de Alencar escreveu há mais de 150 anos num português que nem se usa mais?

OPINIÃO B:. É preciso saber nossa história, como viemos a ser, qual nosso lugar na história mais abrangente da humanidade, que idéias formaram nossa cultura. Então, sim, é importante para você se sentir e ser brasileiro, saber que os holandeses invadiram Olinda e o que José de Alencar escreveu, porque essas coisas ajudaram a formar e compõem nossa nação até hoje. Mesmo que o português escrito por Alencar não seja mais usado, ou que um aluno ache o enredo de Iracema mais chato que o filme do Homem-aranha, é preciso conhecer suas idéias, sua linguagem, porque elas são a base do que temos hoje, no centro da nossa nação, da qual você, queira ou não, faz parte.


Que confusão!

Saindo desse caminho , entrando noutra vereda, nos encontramos com os “sensacionais” da mídia. Tanta gente se achando padrão, falando com uma autoridade, ocupando espaços gigantescos, enfim , ganharam a batalha.

Já se passaram alguns anos da afirmação de Henrique Mohr:

“A televisão já se perdeu totalmente na ganância pelo poder e lança para a massa telespectadora uma cultura de alienação social.”


Meu ceticismo não é para ser levado a sério, às minhas posições faltam, como disse Raimundo Freire, angulação científíca. Ainda mais que estou desistindo das “buscas” das pesquisas pelo “bom saber” e indo de encontro do “simples” da pedra mais ou menos bruta em começo de lapidação, nem por isso menos interessante.

Sempre fiz um esforço para me informar da melhor maneira possível, descobrir por que às vezes predomina-se o “sim” outras o “não” e ainda as “interrogações”. Indo neste caminho me senti solitário. Não adiantou provocar em ocasiões pertinentes, a troca de idéias, não prestaram atenção nem para opinar. Quando a contragosto entram na conversa é para desmanchar o que é evidente.

Tenho que fazer justiça a condição de bem informada e da cultura bem utilizada da minha esposa, demonstrada ora como ouvinte, noutras dialogando e ainda contestando, direito legítimo de quem tem opinião bem formada.

Chega de conversa. Depois de aposentado, fora os minutos de leitura, vou ao encontro de Timba cognome de José Arlindo, de Zé Eduardo, de Manoel de Tó e outros, caboclos de conversa fácil e boa, na sombra das minhas fruteiras. Verei as notícias na televisão, sem me envolver muito, convencido que me faltam forças para entrar numa luta desigual com minha única arma , o voto. Se achatarem demais o meu benefício de aposentado, os meus pés de aipim me socorrerão a custo zero. Vou me matricular, prestar mais atenção à vida do homem do mato, é como bem disse um certo blogueiro:

“Eu ando muito cansado de ver, por exemplo, aquele tal de Alemão do BBB. Cansei de ver que continuam a valorizar a ignorância, o nada, o vazio que ele representa. Cansei de ver que continuam a valorizar aqueles notáveis que nenhuma contribuição efetiva trazem ao planeta. Alguns, inclusive, estão se dizendo cansados. Cansei de axé, de pagode e de sertanejo de baixo nível. Cansei de acompanhar tantos campeonatos de futebol e cansei de esperar a novela acabar para o jogo começar.

Cansei de ter celular que ora funciona, ora não funciona. Cansei de ter uma internet que ainda cai. Cansei de ter de engolir pacotes de tevês fechadas. Cansei de falar com operadores de telemarketing. Cansei do gerúndio. A lista é enorme e continua nas próximas semanas.

A saber: vamos fazer encontros semanais em algum lugar para protestar sobre essas e demais coisas que nos cansam sobremaneira?”

Nem disso eu quero saber......

FUIIII!!!!

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