segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Preço popular para quem não tem Plano de Saúde por Lílian Machado Publicada em 31/08/2009 06:48:07 Tweetar Alguns prédios da Avenida Sete, no Relógio de São Pedro, transformaram-se em um grande conglomerado médico-hospitalar a preços bastante reduzidos, para quem não tem plano de saúde nem pode pagar os altos preços dos hospitais e clínicas da cidade. Estas clínicas e laboratórios populares atraem todos os dias dezenas de veículos de diversas prefeituras do interior baiano e centenas de particulares em busca de assistência médica. É o caso de dona Maria de Jesus, 70 anos, que sem assistência médica e com urgência para fazer vários exames, incluindo uma endoscopia, saiu à meia noite de ontem do município de Crisopólis, a 215 km de Salvador, para chegar cedo a uma das muitas clínicas populares que ficam na região do Relógio de São Pedro. O sacrifício da aposentada que tem sofrido com dores no estômago é a realidade de centenas de cidadãos que saem de vários municípios do interior do Estado para lotarem as clínicas populares que ficam na Avenida Sete. Com preços de consultas e de procedimentos mais baixos do que os cobrados em outros estabelecimentos particulares, as clínicas médicas do Centro da cidade representam uma solução para a população de baixa renda do interior e da capital. Um carro com o slogan da prefeitura municipal de Jequiriça e dois microônibus das pequenas cidades de Olindina e Crisopólis. Esses veículos parados em frente ao prédio da Fundação Politécnica, na Avenida Sete denotavam a origem de vários pacientes que estavam à espera de atendimento médico no local. Sem planos de saúde e tendo dificuldades para realizar exames pelo Sistema Único de Saúde (Sus) nos hospitais do interior, muitos recorrem às clínicas localizadas no prédio. ?Saímos de Crisopólis à meia noite porque no grupo tem outras pessoas que vieram para o Hospital Aristides Maltez e para outros locais em que o atendimento é por ordem de chegada?, contou dona Maria. Além dela mais vinte e cinco pessoas vieram em um microônibus cedido pela Prefeitura de Crisopólis com o intuito de fazer exames e tratamentos nas clínicas da Fundação. A escassez de recursos e de atendimento rápido nas cidades do interior se transforma em verdadeiro tormento para a maioria da população que depende do SUS. ?Além da demora pra conseguir uma consulta no hospital, muitos tratamentos e exames complexos praticamente não existem por lá?, relata a jovem vendedora Ana Paula Alves de Souza, 23 anos, natural de Crisopólis, cidade com cerca de 20 mil habitantes. Paula tem diabetes e quase todo mês vem a Salvador fazer o acompanhamento da doença. ?Lá em Crisopólis eu recebo remédios no Posto de Saúde, mas sempre tenho que vir pra cá para fazer controle da quantidade de insulina e exames?, diz, lembrando que chegou às 4h 40 da madrugada no Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes da Bahia (Cedeba), na região do Iguatemi. ?Já terminei tudo e agora espero o restante do pessoal para seguirmos a viagem de volta?, acrescenta. Segundo a paciente, é uma ?luta árdua? conseguir uma vaga no transporte da Secretaria de Saúde do Município, ?pois tem sempre muita gente procurando uma. O horário mais cedo de saída de ônibus da rodoviária de Crisopólis é 8h da manhã com previsão de chegada a Salvador às 13h. Por isso o único jeito é apelar para o carro do município?, enfatiza. O aposentado Pedro Antonio, 62 anos saiu cedo do município de Governador Mangabeira, Recôncavo Baiano para fazer o ecocardiograma - exame de coração no Centro Médico Politécnica. Com Doença de Chagas, ele relata a complicação em fazer o exame em sua cidade. ?Já marquei três vezes no interior, mas nunca consigo fazer por causa da imensa fila e da incerteza de que horas vou ser atendido. Além de pagar R$90 tenho que chegar muito cedo, esperar demais sendo atendido somente à tarde. É uma aventura grande, porisso preferir sair cedo de lá por aqui tenho a certeza de que vou fazer o exame?, diz ele destacando que chegou às 8h30 e já estava saindo às 10h. Na grande romaria de pacientes que chegam às clínicas populares do centro, muitos além de serem trazidos por veículos e ambulâncias das prefeituras também passam pela ajuda de voluntários como dona Zuleide Barreto, 49 anos. ?Eles só me dão uma ajuda de custo para viagem, no demais fica por minha conta?, diz ela que sai de Santo Estevão em seu carro particular para trazer os pacientes. ?Aqui os exames têm menor custo, pagamos uma taxa e temos uma garantia. A Saúde no interior é muito crítica e as pessoas sofrem muito, por isso é preferível vir pra cá?, relata. Na última sexta-feira, Zuleide trouxe uma senhora que estava com suspeitas de câncer de pele. Especialidades são oferecidas em panfletos nas ruas Apesar da maioria dos pacientes serem do interior do estado, moradores de Salvador, que não possuem planos de saúde, também apelam para as clínicas populares do centro. Esse é o caso do autônomo José Carlos Nascimento que mora no bairro do Pau Miúdo e levou suas duas filhas pequenas para uma consulta no otorrino da Fundação. ?Aqui encontrei por R$50 um teste na orelha que não encontrei pelo SUS. O preço tá ótimo em relação a outros lugares?, diz se referindo ao exame feito em sua filha de dois meses. Grávida de oito meses e sem assistência médica, Joana Souza Santana, 21 anos, moradora do Engenho Velho da Federação não hesitou em fazer os exames necessários em um dos centros médicos que fica no prédio. ?Já estou acostumada em vir aqui. Paguei apenas R$ 20 pelos exames de hoje?, afirma. Do lado de fora uma legião distribui panfletos com propaganda das clínicas e os preços dos procedimentos. ?O movimento já foi maior. Agora que estão implantando clínicas nos bairros populares, as pessoas ficam por lá mesmo. Ainda vem muita gente mesmo é do interior?, diz um dos distribuidores dos folhetos. Nas clínicas do local é possível fazer exames laboratoriais como, sumário de urina por R$ 3,50 e ultrassonografia por R$ 40. As avaliações cardiológicas custam entre R$18 a R$ 120. Nos estabelecimentos são encontrados médicos de diversas especialidades como otorrinolaringologista, angiologista, urologista, ginecologista, endocrinologista, mastologista, pediatra, ortopedista, entre outros. Os consultórios oferecem também tratamento odontológico com centro ortodôntico a preços mais baixos e com prazos mais longos de pagamento. Uma das clínicas disponibiliza o próprio cartão que dá direito ao paciente pagar exames e procedimentos em um prazo de 40 dias.

Preço popular para quem não tem Plano de Saúde

por
Lílian Machado
Publicada em 31/08/2009 06:48:07
Alguns prédios da Avenida Sete, no Relógio de São Pedro, transformaram-se em um grande conglomerado médico-hospitalar a preços bastante reduzidos, para quem não tem plano de saúde nem pode pagar os altos preços dos hospitais e clínicas da cidade. Estas clínicas e laboratórios populares atraem todos os dias dezenas de veículos de diversas prefeituras do interior baiano e centenas de particulares em busca de assistência médica. É o caso de dona Maria de Jesus, 70 anos, que sem assistência médica e com urgência para fazer vários exames, incluindo uma endoscopia, saiu à meia noite de ontem do município de Crisopólis, a 215 km de Salvador, para chegar cedo a uma das muitas clínicas populares que ficam na região do Relógio de São Pedro. O sacrifício da aposentada que tem sofrido com dores no estômago é a realidade de centenas de cidadãos que saem de vários municípios do interior do Estado para lotarem as clínicas populares que ficam na Avenida Sete. Com preços de consultas e de procedimentos mais baixos do que os cobrados em outros estabelecimentos particulares, as clínicas médicas do Centro da cidade representam uma solução para a população de baixa renda do interior e da capital. Um carro com o slogan da prefeitura municipal de Jequiriça e dois microônibus das pequenas cidades de Olindina e Crisopólis. Esses veículos parados em frente ao prédio da Fundação Politécnica, na Avenida Sete denotavam a origem de vários pacientes que estavam à espera de atendimento médico no local. Sem planos de saúde e tendo dificuldades para realizar exames pelo Sistema Único de Saúde (Sus) nos hospitais do interior, muitos recorrem às clínicas localizadas no prédio.
?Saímos de Crisopólis à meia noite porque no grupo tem outras pessoas que vieram para o Hospital Aristides Maltez e para outros locais em que o atendimento é por ordem de chegada?, contou dona Maria. Além dela mais vinte e cinco pessoas vieram em um microônibus cedido pela Prefeitura de Crisopólis com o intuito de fazer exames e tratamentos nas clínicas da Fundação.
A escassez de recursos e de atendimento rápido nas cidades do interior se transforma em verdadeiro tormento para a maioria da população que depende do SUS. ?Além da demora pra conseguir uma consulta no hospital, muitos tratamentos e exames complexos praticamente não existem por lá?, relata a jovem vendedora Ana Paula Alves de Souza, 23 anos, natural de Crisopólis, cidade com cerca de 20 mil habitantes.
Paula tem diabetes e quase todo mês vem a Salvador fazer o acompanhamento da doença. ?Lá em Crisopólis eu recebo remédios no Posto de Saúde, mas sempre tenho que vir pra cá para fazer controle da quantidade de insulina e exames?, diz, lembrando que chegou às 4h 40 da madrugada no Centro de Referência Estadual para Assistência ao Diabetes da Bahia (Cedeba), na região do Iguatemi. ?Já terminei tudo e agora espero o restante do pessoal para seguirmos a viagem de volta?, acrescenta.
Segundo a paciente, é uma ?luta árdua? conseguir uma vaga no transporte da Secretaria de Saúde do Município, ?pois tem sempre muita gente procurando uma. O horário mais cedo de saída de ônibus da rodoviária de Crisopólis é 8h da manhã com previsão de chegada a Salvador às 13h. Por isso o único jeito é apelar para o carro do município?, enfatiza.
O aposentado Pedro Antonio, 62 anos saiu cedo do município de Governador Mangabeira, Recôncavo Baiano para fazer o ecocardiograma - exame de coração no Centro Médico Politécnica. Com Doença de Chagas, ele relata a complicação em fazer o exame em sua cidade. ?Já marquei três vezes no interior, mas nunca consigo fazer por causa da imensa fila e da incerteza de que horas vou ser atendido. Além de pagar R$90 tenho que chegar muito cedo, esperar demais sendo atendido somente à tarde. É uma aventura grande, porisso preferir sair cedo de lá por aqui tenho a certeza de que vou fazer o exame?, diz ele destacando que chegou às 8h30 e já estava saindo às 10h.
Na grande romaria de pacientes que chegam às clínicas populares do centro, muitos além de serem trazidos por veículos e ambulâncias das prefeituras também passam pela ajuda de voluntários como dona Zuleide Barreto, 49 anos. ?Eles só me dão uma ajuda de custo para viagem, no demais fica por minha conta?, diz ela que sai de Santo Estevão em seu carro particular para trazer os pacientes.
?Aqui os exames têm menor custo, pagamos uma taxa e temos uma garantia. A Saúde no interior é muito crítica e as pessoas sofrem muito, por isso é preferível vir pra cá?, relata. Na última sexta-feira, Zuleide trouxe uma senhora que estava com suspeitas de câncer de pele.
Especialidades são oferecidas em panfletos nas ruas
Apesar da maioria dos pacientes serem do interior do estado, moradores de Salvador, que não possuem planos de saúde, também apelam para as clínicas populares do centro. Esse é o caso do autônomo José Carlos Nascimento que mora no bairro do Pau Miúdo e levou suas duas filhas pequenas para uma consulta no otorrino da Fundação. ?Aqui encontrei por R$50 um teste na orelha que não encontrei pelo SUS. O preço tá ótimo em relação a outros lugares?, diz se referindo ao exame feito em sua filha de dois meses. Grávida de oito meses e sem assistência médica, Joana Souza Santana, 21 anos, moradora do Engenho Velho da Federação não hesitou em fazer os exames necessários em um dos centros médicos que fica no prédio. ?Já estou acostumada em vir aqui. Paguei apenas R$ 20 pelos exames de hoje?, afirma.
Do lado de fora uma legião distribui panfletos com propaganda das clínicas e os preços dos procedimentos. ?O movimento já foi maior. Agora que estão implantando clínicas nos bairros populares, as pessoas ficam por lá mesmo. Ainda vem muita gente mesmo é do interior?, diz um dos distribuidores dos folhetos.
Nas clínicas do local é possível fazer exames laboratoriais como, sumário de urina por R$ 3,50 e ultrassonografia por R$ 40. As avaliações cardiológicas custam entre R$18 a R$ 120. Nos estabelecimentos são encontrados médicos de diversas especialidades como otorrinolaringologista, angiologista, urologista, ginecologista, endocrinologista, mastologista, pediatra, ortopedista, entre outros. Os consultórios oferecem também tratamento odontológico com centro ortodôntico a preços mais baixos e com prazos mais longos de pagamento. Uma das clínicas disponibiliza o próprio cartão que dá direito ao paciente pagar exames e procedimentos em um prazo de 40 dias.

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