segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Filósofo Ideal


O Filósofo Ideal


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O sábio introspectivo

Interessa entender a diferença que separa Aristóteles de Platão em relação a quem representaria melhor o tipo de filósofo ideal. A partir da larga convivência que teve com Sócrates, Platão imaginou-o um ser político, alguém permanentemente envolvido nos assuntos e nos dilemas da comunidade. Um filósofo cidadão, voltado para o aperfeiçoamento das instituições e interessado em ajudar a esculpir o ativista político superior, quando não ele mesmo envolvido, voltado para o bem comum. Alguém a quem Jean-Paul Sartre, o pensador do nosso século, chamou de engajado. Tão grande foi essa simbiose do filósofo com a política que Platão projetou-o (A República) como um arconte, o governante supremo do Estado Ideal, um philo-basileus (o rei-filósofo) . Aristóteles, bem ao contrário, tinha em Tales e Anaximandro, pensadores da escola jônica, tipos eminentemente especulativos, como os mais assemelhados ao ideal que pretendia, mais próximos ao acadêmico universitário dos dias de hoje, obcecado apenas por suas abstrações, voltados para o que H-I Marrou chamou de " busca do seu ideal de perfeição interior, ilhando-se assim numa heróica solidão" .

O FILÓSOFO IDEAL
Para Platão
(428-348 a.C.)
Para Aristóteles
(384-322 a.C.)
O tipo ideal Sócrates Tales, Anaximandro
Voltado para a política, para a comunidade a introspeção, para si mesmo
Local apropriado Academia platônica Liceu peripatético
Fim último a administração, a ação a contemplação, a admiração

A filosofia é divina


pintura de Rafael

Platão e Aristóteles

Para Aristóteles a filosofia é uma atividade divina. De certa forma entende-se isso em razão do filosofo partilhar de certos segredos e determinados conhecimentos que muitos acreditam serem exclusivos dos deuses. Como Deus é a causa primeira de tudo e a filosofia é a causa primeira do conhecimento superior, ela é inegavelmente a mais divina das ciências. Da mesma forma que Deus vive apartado dos homens e do próprio mundo que ele criou, o filósofo tem a mesma atitude, afastando-se dos mortais, vivendo num lugar especial. No caso de Aristóteles, este Olimpo humano era o Liceu, a escola de sabedoria, um reduto de sábios e iniciados que ele fundara em Atenas (provavelmente no ano 335 a.C.), para contrapor-se à Academia de Platão.

Os Tipos de Vida


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Protágoras, o mestre dos mestres

No procedimento de endeusamento da atividade filosófica, Aristóteles aponta a existência de três tipos de vida mais ou menos dignas de serem levadas. Separando o universo das atividade humanos em dois grandes grupos, o do negócio e o do ócio, Aristóteles desprezou inteiramente o primeiro. Quem entrega-se ao negócio, ao trabalho ou ao comércio, a principio está descartado. Por conseguinte só merecem atenção e relevância os que dedicam-se ao ócio ( não entendido como preguiça, mas como uma atitude de disponibilidade para o seu aperfeiçoamento). Socialmente isso significa considerar apenas a gente da nobreza, os que podiam dar-se ao luxo de não ter que ganhar o pão de cada dia com o suor do rosto. No seu " Ética Eudemiana" ele expõe quais eram esse três tipo de vida:

  • o que se conduzem voltados para o prazer e para o gozo, deixando-se dominar pela multiplicidade das sensações, empolgando-se pelas experiência carnais, sensoriais.
  • a dos homens de ação, atraídos pela coisas do mundo político, para as grandes celeumas e participações coletivas, comuns à vida dos estadistas e dos políticos
  • a dos que se entregam à contemplação, à vida filosófica, liberta dos apelos carnais e longe das inconstâncias do mundo passional, voltado para o saber e para o constante aperfeiçoamento.
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