segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O eco distante da tormenta




Sexta, 24 de Fevereiro de 2012

O eco da grande tormenta que abala até o centro do mundo ainda não chegou ao Brasil. Ainda navegamos no mar calmo das economias prósperas. Até quando?

Ninguém desconhece que a dinheirama depositada diariamente em nosso Banco Central evaporar-se-á em menos de 24 horas se as economias dos países ricos experimentarem um leve respiro.

A consciência dessa probabilidade deveria servir para aproveitar esse tempo emprestado a fim de preparar-se para a hora da inevitável explosão. Mas o que se vê não é isso, e sim o estímulo governamental a um consumismo irresponsável.

Estimulam-se pessoas de baixa renda a adquirir bens de consumo outrora acessíveis apenas a pessoas das classes médias e altas. O iludido membro da ‘classe C’ imagina, ao adquirir uma geladeira ou uma passagem aérea, que ascendeu à classe B.

Pura ilusão, pois, no mesmo dia em que a geladeira entra na sua casa, seus filhos estão em escolas públicas que não ensinam, selando, desse modo, um futuro de maus empregos e baixos salários.

Ao subir, faceiro, no avião, o deslumbrado passageiro de primeira viagem não se dá conta de que, sem um plano médico (que não tem condições de pagar) será obrigado a buscar tratamento na rede pública, levará meses para conseguir uma consulta e mais de ano para fazer uma operação.

O pior é que, inconsciente dessa realidade, atribui a causa de seu presente bem-estar a quem não tem absolutamente nada a ver com ele. Com efeito, a atual bonança econômica é o efeito contraditório da própria crise, e não das políticas econômicas do governo. É que, sem oportunidade de investir em seus países devido à recessão que sobre eles se abateu, esses capitais buscam desesperadamente valorização financeira nos países subdesenvolvidos. Como o Brasil pratica a maior taxa de juros do mundo, eles correm para cá.

Mas a massa despolitizada é incapaz de compreender as sutilezas da economia; toma a nuvem por Juno. Não há democracia possível nessas condições.

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