terça-feira, 25 de março de 2014

visiveis

Visíveis



Não há nada que me agrade mais do que conhecer pessoas. Eu consigo passar horas olhando alguém, reparando seus gestos, sons e expressões involuntárias.

E por isso, percebo coisas que ainda me atemorizam quanto ser sociável que aspira ter um tantinho de cultura e educação. E esse meu pasmo, pode parecer infantil, piegas ou romântico. Mas, estar em pleno século XXI e constatar que muitas pessoas ainda vivem um comportamento “pequeno- burguês” de séculos passados, ostentando atitudes que classificam de classe, ignorando ou exaltando outras de acordo com seu status, leia-se, poder econômico. Negando gentilezas que gerariam um mundo melhor e eu não estou falando de uma utópica ideia de igualdade social, mas de um sentimento de humanidade. Apavora-me!

Há pouco tempo fiz uma viagem e o primeiro abraço que recebi foi do taxista que foi me buscar no aeroporto e gentilmente me levou pelo percurso mais bonito da cidade, sem cobrar nada mais do que já tínhamos acertado. Chegando ao hotel, novamente fui afagada pela generosidade de dois atendentes que me ofereceram uma água com gás e se recusaram a receber por isso e lamentaram que àquela hora (uma e meia da madrugada) não tinham mais suco ou outra coisa melhor para oferecer. E no decorrer do dia recebi de braços abertos todas as outras demonstrações de vida humanitária vinda de um grupo que, muitos chafurdados num lamaçal de soberba, protocolos ultrapassados e etiquetas tão boçais, tratam como invisíveis.

Não cumprimentar o porteiro; não agradecer uma camareira, não responder- sim, por favor; não, obrigada; negar agradecimento por algum serviço prestado; nos torna melhores ou superiores a quem?

O meu olhar constrói e desconstrói o feio e o bonito.



“Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem, apenas, sei de diversas harmonias possíveis, antes do juízo final”.

Simone Fernandes.

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