quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A DOCE AÇÕES DOS COMUNISTAS

Recordando a Historia

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O ASSASSINATO DE ELZA FERNANDES



Desde menina, Elvira Cupelo Col�nio acostumara-se a ver, em sua casa, os numerosos amigos de seu irm�o, Luiz Cupelo Col�nio. Nas reuni�es de comunistas, fascinava-se com os discursos e com a linguagem complexa daqueles que se diziam ser a salva��o do Brasil. Em especial, admirava aquele que parecia ser o chefe e que, de vez em quando, lan�ava-lhe olhares gulosos, devorando o seu corpo adolescente. Era o pr�prio Secret�rio-Geral do Partido Comunista do Brasil (PCB), Antonio Maciel Bonfim, o "Miranda".

Em 1934, ent�o com 16 anos, Elvira Cupelo tornou-se a amante de "Miranda" e passou a ser conhecida, no Partido, como "Elza Fernandes" ou, simplesmente, como a "garota". Para Luiz Cupelo, ter sua irm� como amante do secret�rio-geral era uma honra. Quando ela saiu de casa e foi morar com o amante, Cupelo viu que a chance de subir no Partido havia aumentado.

Entretanto, o fracasso da Intentona, com as pris�es e os documentos apreendidos, fez com que os comunistas ficassem acuados e isolados em seus pr�prios aparelhos.

Nos primeiros dias de janeiro de 1936, "Miranda" e "Elza" foram presos em sua resid�ncia, na Avenida Paulo de Frontin, 606, Apto 11, no Rio de Janeiro. Mantidos separados e incomunic�veis, a pol�cia logo concluiu que a "garota" pouco ou nada poderia acrescentar aos depoimentos de "Miranda" e ao volumoso arquivo apreendido no apartamento do casal. Acrescendo os fatos de ser menor de idade e n�o poder ser processada, "Elza" foi liberada. Ao sair, conversou com seu amante que lhe disse para ficar na casa de seu amigo, Francisco Furtado Meireles, em Pedra de Guaratiba, apraz�vel e isolada praia da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Recebeu, tamb�m, da pol�cia, autoriza��o para visit�-lo, o que fez por duas vezes.

Em 15 de janeiro, Hon�rio de Freitas Guimar�es, um dos dirigentes do PCB, ao telefonar para "Miranda" surpreendeu-se ao ouvir, do outro lado do aparelho, uma voz estranha. S� nesse momento, o Partido tomava ci�ncia de que "Miranda" havia sido preso. Alguns dias depois, a pris�o de outros dirigentes aumentou o p�nico. Segundo o PCB, havia um traidor. E o maior suspeito era "Miranda".

As investiga��es do "Tribunal Vermelho" come�aram. Hon�rio descobriu que "Elza" estava hospedada na casa do Meireles, em Pedra de Guaratiba. Soube, tamb�m, que ela estava de posse de um bilhete, assinado por "Miranda", no qual ele pedia aos amigos que auxiliassem a "garota". Na vis�o estreita do PCB, o bilhete era forjado pela pol�cia, com quem "Elza" estaria colaborando. As suspeitas transferiram-se de "Miranda" para a "garota".

Reuniu-se o "Tribunal Vermelho", composto por Hon�rio de Freitas Guimar�es, Lauro Reginaldo da Rocha, Adelino Deycola dos Santos e Jos� Lage Morales. Luiz Carlos Prestes, escondido em sua casa da Rua Hon�rio, no M�ier, j� havia decidido pela elimina��o sum�ria da acusada. O "Tribunal" seguiu o parecer do chefe e a "garota" foi condenada � morte. Entretanto, n�o houve a desejada unanimidade: Morales, com d�vidas, op�s-se � condena��o, fazendo com que os demais dirigentes vacilassem em fazer cumprir a senten�a. Hon�rio, em 18 de fevereiro, escreveu a Prestes, relatando que o delator poderia ser, na verdade, o "Miranda".

A rea��o do "Cavaleiro da Esperan�a" foi imediata. No dia seguinte, escreveu uma carta aos membros do "Tribunal", tachando-os de medrosos e exigindo o cumprimento da senten�a. Os trechos dessa carta de Prestes, a seguir transcritos, constituem-se num exemplo candente da frieza e da c�nica determina��o com que os comunistas jogam com a vida humana:
"Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolu��o e vacila��o de voc�s. Assim n�o se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe revolucion�ria." ... "Por que modificar a decis�o a respeito da "garota"? Que tem a ver uma coisa com a outra? H� ou n�o h� trai��o por parte dela? � ou n�o � ela perigos�ssima ao Partido...?" ... "Com plena consci�ncia de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a voc�s minha opini�o quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categ�rico e nada mais tenho a acrescentar..." ... "Uma tal linguagem n�o � digna dos chefes do nosso Partido, porque � a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decis�o, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que voc�s concordam com as medidas extremas e neste caso j� as deviam ter resolutamente posto em pr�tica, ou ent�o discordam mas n�o defendem como devem tal opini�o."

Ante tal intima��o e reprimenda, acabaram-se as d�vidas. Lauro Reginaldo da Rocha, um dos "tribunos vermelhos", respondeu a Prestes:

"Agora, n�o tenha cuidado que a coisa ser� feita direitinho, pois a quest�o do sentimentalismo n�o existe por aqui. Acima de tudo colocamos os interesses do P."

Decidida a execu��o, "Elza" foi levada, por Eduardo Ribeiro Xavier ("Ab�bora"), para uma casa da Rua Mau� Bastos, N� 48-A, na Estrada do Camboat�, onde j� se encontravam Hon�rio de Freitas Guimar�es ("Milion�rio"), Adelino Deycola dos Santos ("Tampinha"), Francisco Natividade Lira ("Cabe��o") e Manoel Severino Cavalcanti ("Gaguinho").

Elza, que gostava dos servi�os caseiros, foi fazer caf�. Ao retornar, Hon�rio pediu-lhe que sentasse ao seu lado. Era o sinal convencionado. Os outros quatro comunistas adentraram � sala e Lira passou-lhe uma corda de 50 cent�metros pelo pesco�o, iniciando o estrangulamento. Os demais seguravam a "garota", que se debatia desesperadamente, tentando salvar-se. Poucos minutos depois, o corpo de "Elza", com os p�s juntos � cabe�a, quebrado para que ele pudesse ser enfiado num saco, foi enterrado nos fundos da casa. Eduardo Ribeiro Xavier, enojado com o que acabara de presenciar, retorcia-se com crise de v�mitos.

Perpetrara-se o hediondo crime, em nome do Partido Comunista.

Poucos dias depois, em 5 de mar�o, Prestes foi preso em seu esconderijo no M�ier. Ironicamente, iria passar por ang�stias semelhantes, quando sua mulher, Olga Ben�rio, foi deportada para a Alemanha nazista.

Alguns anos mais tarde, em 1940, o irm�o de "Elza", Luiz Cupelo Col�nio, o mesmo que auxiliara "Miranda" na tentativa de assassinato do "Dino Padeiro", participou da exuma��o do cad�ver. O bilhete que escreveu a "Miranda", o amante de sua irm�, retrata algu�m que, na pr�pria dor, percebeu a virul�ncia comunista:

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