sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DOIS BRASÍS - QUARTA PARTE

DOIS BRASÍS
João Almeida
Quarta parte

Os dois Brasis sempre existirão, mesmo com os bolsas família da vida e bolsas escolas. Hoje vivo na zona rural e pude assim verificar onde estes benefícios fizeram algum efeito. Na sede do município não existe agência da Caixa Econômica, portanto os pagamentos dos bolsistas são feitos na casa lotérica, dá para imaginar a fila que se forma ? Conheço varias pessoas que entram nessa fila todos os meses, e por conhecê-los sei da forma como vivem. Todos tem parabólica, DVD, e claro televisão. São visitados por comerciantes ambulantes a quem compram cestas básicas caríssimas, colchões e etc. Entretanto, vivem numa casa de taipa, sem banheiro, como se ali morasse alguém vivendo abaixo da linha da pobreza. São felizes com as bolsas, viraram consumistas diferenciados mas continuam no mesmo Brasil.
Outra constatação foram os pulos dados por alguns, da classe D para C e da C para B. Da B para A não conheço nenhuma constatação, a não ser de alguém que saiba jogar futebol ou que acertou na loteria. Entretanto a classe B passou a respirar melhor e com isso viajam de avião, fazem compras em shopings, enfim, melhorou de vida mas não saem do Brasil B. À medida que a nova classe média chega a mais lugares e tem acesso a novos serviços, surgem, no entanto, tensões com a classe média tradicional brasileira, que parece sentir seu espaço sendo tomado. O antropólogo brasileiro Roberto DaMatta, professor emérito da Universidade de Notre Dame (EUA), diz que o crescimento evidenciou a “resistência à igualdade” dos brasileiros.
Uma pesquisa realizada pelo Data Popular dá algumas noção do desconforto sentido pelas classes mais elevadas, que agora tem que compartilhar alguns espaços.De acordo os números, 48,4% dos entrevistados disseram que “a qualidade dos serviços piorou, agora que eles são mais acessíveis” e 49,7% disseram que preferem lugares “com pessoas de mesmo nível social.”
“Decidimos fazer essa pesquisa quando começamos a perceber as pessoas reclamando, por exemplo, sobre os aeroportos, que estão muito mais lotados agora. E nossas pesquisas têm mostrado que há uma resistência muito forte das classes superiores em aceitar os recém-chegados”, diz o presidente do Data Popular, Renato Meirelles.
Vejam que além das desigualdades, o Brasil B quando consegue dá alguns passos enfrenta preconceitos. Mas se damos dois passos os endinheirados do Brasil A dão dez.
Vejam o que diz o site Consumidor Moderno no artigo
DESIGUALDADE NO MELHOR ESTILO:
“Em tempos em que a nova classe média é protagonista, uma pesquisa do mercado de luxo propõe um olhar para o consumidor de alto poder aquisitivo
Preço é o que menos importa quando se fala em produtos de luxo. O que o consumidor mais valoriza é a glamour da marca, a exclusividade dos produtos e serviços, e o atendimento personalizado.
Ser do Brasil A, ser rico, não chega a ser um absurdo, absurdo mesmo é a distancia do Brasil econômico para o Brasil social. O cidadão rico não é peça importante na avaliação que fazemos, embora soe a deboche as extravagâncias em certas demonstrações de poder. Sobre a televisão brasileira muito já se falou, da sua má qualidade e às vezes de muito mau gosto, e quando eu pensava que já tinha visto tudo a Rede Bandeirante decide produzir um reality show exagerado com o nome de “Mulheres Ricas” onde a ostentação e a cafonice se misturaram segundo críticos de plantão. Do exterior um jornal inglês ao comentar o programa destaca a desigualdade brasileira. "Com a economia do Brasil crescendo, os preços dos imóveis explodindo e os salários dos executivos também, os milionários estão crescendo. O Brasil tem criado cerca de 19 milionários por dia desde 2007, de acordo com um estudo recente. Mas o Brasil continua sendo uma das sociedades mais desiguais do mundo: dados do governo divulgados no mês passado mostram que 11,5 milhões de brasileiros viviam em favelas no ano passado", diz o The Guardian.
A Folha de S.Paulo chamou o programa de "patético" e "seria cômico se não fosse trágico.
Para quem não assistiu, o reality show mostra o cotidiano de cinco mulheres milionárias e que amam ser ricas. Elas desfilam em jatos particulares, com joias e roupas de grife, champagne Cristal, bebendo água mineral, com marcas como Chanel, Lamborghinis, Ferrari, Mercedes, enfim, um mundo que a maioria dos brasileiros desconhece.
Se há uma lição a ser tirada de Mulheres Ricas, reality show exibido pela Band na noite desta segunda-feira, é a de se tomar cuidado com os excessos. Eles são meio caminho andado para o constrangimento. E foi exatamente o que se viu durante o programa: as cinco mulheres que dão título ao reality, gastando dinheiro a torto e a direito, exibiram um misto de ostentação e cafonice poucas vezes visto na TV brasileira, ficaram por uma hora falando platitudes, comprando roupas, sapatos, sendo paparicadas por assistentes e vendedores, tomando champanhe e espancando a língua portuguesa –
Pelo menos para o Brasil B, os televisores deveriam se manter fora da Band, mas infelizmente uma fatia de telespectadores do lado de cá assistirão o “Mulheres Ricas” , não sei entender por que.

Nenhum comentário: