sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

DOIS BRASÍS - TERCEIRA PARTE

João Almeida
TERCEIRA PARTE
Já ia mudando de assunto quando leio num jornal:
MEC "reprova" 46 instituições de ensino superior na Bahia.
Perceberam? 46 instituições de ensino superior reprovadas!
Ao contrário dos socialistas, no Brasil, o isolamento do país está em uma educação de péssima qualidade.
Estamos chegando ao final de 2011, 2012 está logo ali, e lendo hoje uma coluna numa revista semanal concluí , como estou certo nas minhas avaliações.
1) A falta de saneamento e habitação decente para os mais pobres. O número de brasileiros em favelas dobrou em uma década, segundo o IBGE. Em dois anos de Fernando Henrique e oito de Lula, passamos a ter 11,4 milhões de brasileiros em favelas. A população carente cresce mais que famílias de outras classes sociais. E não se discute planejamento familiar porque a Igreja não deixa.
Avaliação 8 -A falta de um sistema de saúde pública eficiente. Grávidas ou velhos morrendo em fila de hospital ou por falta de leitos e médicos é inaceitável. Dentro desse quadro, impressiona ainda mais o abandono, no Rio de Janeiro, de um prédio do Ministério da Saúde construído para abrigar o Instituto do Cérebro, que seria o maior serviço de neurocirurgia da América Latina. O prédio tem 56 leitos para internação, dez para UTI, e também baratas, fezes de pombos, poeira e cupins.
9) A deficiência de transporte de massas, num país que fez opção equivocada pelo carro e hoje paga o preço de engarrafamentos monstruosos. Metrôs e trens, ligados a uma rede de ônibus sem ranço de máfias, deveriam transportar todas as classes sociais. O chato é que tem sempre os ricos de Higienópolis (SP) e Ipanema (RJ) que não querem metrô em sua esquina porque traz uma gente “diferenciada” de outros bairros.
Dizem que no primeiro mundo, um executivo pode ir para o trabalho de metrô, desfruta de uma excelente qualidade. No nosso país, um executivo, que naturalmente faz parte do Brasil A, diria: “Deus me livre!”
O Brasil econômico se distancia do Brasil social e isso faz do nosso país um líder em desigualdades sociais. O Brasil A representa apenas 4,5 % a maioria estão estabelecidos no Brasil B onde ficam as classes B,C,D, E e etc. Já foi dito que de um lado está o Brasil que deu certo (?) Aquele em que as pessoas possuem tudo o que o dinheiro pode comprar. Têm acesso ao que há de melhor em termos de educação, alimentação, lazer, moradia etc. Do outro lado está o Brasil B dos que não tem ou tem dificuldades para ter acesso à educação, saúde e trabalho. Percebam que estou sempre citando as diferenças ?, mas é isso mesmo, o desequilíbrio da balança, a liberdade que os iluminados tem de usar a massa numa manipulação absurda. Pode até ser um avanço, as bolsas distribuídas pelo governo, mas seguramente não altera o gráfico das desigualdades. A falta de políticas que realmente funcionem no Brasil é de nossa responsabilidade, das escolhas que fazemos, mas convenhamos é uma missão difícil para pessoas com pouca formação, o processo já é difícil para os melhorzinhos, imaginem...
O certo é que ao longo da história, o Brasil vem perdendo a oportunidade de construir um desenvolvimento integral que proporcione um salto na qualidade de vida de seu povo. Essa situação cria contrastes e produz disparidades internas e externas. Parecem dois mundos distintos, dois países diferentes, e o primeiro faz de conta que o outro não existe.
Algumas avaliações sobre diferenças de classes, fazem uma classificação detalhista considerando que existem, Classe A 1, A 2, B, C e D. Nas classes A 1 e A 2, as diferenças não chegam a destaques consideráveis nas possibilidades de acesso à bens e serviços, já nas classes B para baixo as situações ficam mais expostas. Na questão saúde por exemplo B, C e D são farinha do mesmo saco.
O acesso ao atendimento à saúde, como bem reza a nossa Constituição, é um direito da cidadania. Com exceção dos Estados Unidos e da África do Sul, todos os países do mundo oferecem hoje um sistema de saúde com acesso universal aos seus cidadãos. Vejamos o que diz um artigo do médico psicanalista Dr. Márcio V. Pinheiro.
“ Já se foi o tempo de uma medicina só para os ricos, e uma caridade pouco confiável para os demais. Hoje, no mundo inteiro ninguém duvida que o atendimento à saúde não deve ser mais um privilégio dos mais favorecidos. A doença e o sofrimento são inimigos tenazes e perigosos de qualquer sociedade que devem ser levados a sério na hora da distribuição dos recursos públicos, frutos do trabalho de cada cidadão.
O Brasil caminha, a passos largos, para um sistema tríplice de saúde. Para os mais pobres e provavelmente mais doentes, existe um sistema único de saúde (SUS). Para a classe média vamos encontrar os planos de saúde e as seguradoras ambos com fins lucrativos. Para os ricos, o atendimento "particular". Nesse sistema de saúde fragmentado e injusto, o racionamento do atendimento se faz a partir do poder aquisitivo do cidadão. Será que é isso que a população brasileira quer? Se a resposta for sim, então nós teremos o sistema de saúde que merecemos. Mas, se for não, fica então uma pergunta incômoda: porque o país caminha nessa direção? Afinal, somos ou não somos uma democracia?”
Pessoalmente sinto na pele a dificuldade de ser assistido pelo nosso sistema de saúde pública, as minhas necessidades não encontraram atendimento nas especialidades de endocrinologia e hematologia num tempo razoável, me forçando a comprometer meu orçamento e a recorrer à parentes para sair do sofrimento, qualquer doença é sofrimento.

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