terça-feira, 18 de dezembro de 2012


Achas que ele se tornou uma espécie de deus para nós?
— Para ser sincero, sim. Mas devia ter vergonha!
— E quanto a Hilde?
— Ela é um anjo, Sofia.
— Um anjo? — É a ela que se dirige este “espírito”.
— Achas que Alberto Knag fala a Hilde sobre nós?
— Ou escreve sobre nós. Nós não podemos sentir a matéria da qual a nossa realidade é feita. Pelo menos foi o que aprendemos. Não podemos saber se a nossa reali-dade exterior é constituída por ondas sonoras ou por pa-pel e letras. Segundo Berkeley, só podemos saber que so-mos feitos de espírito.
— E Hilde é um anjo...
— É um anjo, sim. E com isto, terminamos por hoje. Parabéns, Hilde! Uma luz azulada invadiu então a sala. Passados poucos segundos, ouviram um trovão a ri-bombar, e a casa foi abalada. Alberto estava com um olhar ausente.
— Tenho de ir para casa — disse Sofia. Levan-tou-se de um pulo e correu em direção à porta de entrada. Ao abrir violentamente a porta, Hermes, que dormia de-baixo dos cabides, acordou.
Quando Sofia saiu, parecia dizer:
— Adeus, Hilde!
Sofia desceu as escadas precipitadamente e correu para a rua. Aí, não se via ninguém. Entretanto chovia a cântaros.
Dois carros passaram pelo asfalto molhado, mas Sofia não conseguia encontrar um ônibus. Correu até à praça principal e continuou a correr pela cidade. Enquan-to isso, um único pensamento se revolvia na sua cabeça.
“Amanhã faço anos”, pensava ela. E não era extre-mamente duro ter de reconhecer, um dia antes de fazer quinze anos, que a vida é um sonho? Era como sonhar ter ganho um milhão e, pouco antes de o grande Prêmio ser
pago, compreender que tudo fora apenas um sonho.
Sofia correu pelo campo de jogos molhado. Nessa altura viu uma pessoa a correr na sua direção. Era a mãe. Relâmpagos potentes rasgavam o céu. A mãe abraçou So-fia.
— O que se passa conosco, minha filha?
— Não sei — Sofia chorava. — É como um pesa-delo.
Os homens tinham sem dúvida chegado cada vez mais
longe na compreensão das leis da natureza. Mas poderia a história continuar quando a filosofia e a ciência tivessem colocado as últimas peças do “quebra-cabeça” no local respectivo? Ou a história da humanidade aproximar-se-ia do fim? Não haveria uma relação entre o desenvolvimento do pensamento e da ciência por um lado, e realidades como o efeito de estufa e as florestas tropicais desarbori-zadas por outro? Talvez não fosse estúpido designar o desejo de conhecimento do homem por “pecado origi-nal”.
A questão era tão importante e tão assustadora que Hilde tentou esquecê-la. Além disso, compreenderia mais se continuasse a ler o presente de aniversário do seu pai.
— Minha querida, queres mais? — disse a mãe, depois de terem comido gelado com morangos italianos. — Agora fazemos aquilo que te apetecer.
— Eu sei que parece estranho, mas o que eu gosta-ria de fazer era continuar a ler o presente do papai.
— Não podes deixar que ele te dê volta ao juízo.
— Não, não. — Podemos descongelar uma “pizza” e ver o “Derrick” na televisão...
— Sim, pode ser.
Hilde lembrou-se de como Sofia falara com a mãe. O pai atribuíra certamente à outra mãe algo da sua. Por precaução, decidiu não dizer nada sobre o coelho branco que é retirado da cartola do universo, pelo menos não nesse dia...
— Ah, a propósito — disse, ao levantar-se.
— Sim?
— Não consigo encontrar o meu crucifixo de ouro.
A mãe olhou para ela com uma expressão enigmá-tica.
— Encontrei-o há semanas lá embaixo na doca. Deves tê-lo deixado lá, minha tonta!
— Contaste isso ao papai?
— Deixa cá ver. Sim, contei...
— E onde está agora?
— Espera. A mãe levantou-se e, pouco depois, Hilde ouviu um grito de admiração vindo do quarto. De-pois, a mãe voltou à sala de estar.
— De momento não o consigo encontrar.
— Já estava à espera disso.
Hilde deu um beijo à mãe e correu novamente para a sua mansarda. Finalmente — agora podia continuar a ler sobre Sofia e Alberto. Deitou-se na cama e apoiou o pe-sado “dossiê” sobre os joelhos.
Sofia acordou de manhã, quando a mãe entrou no quarto, trazendo nas mãos um tabuleiro cheio de presen-tes. Tinha posto uma bandeira numa garrafa de limonada vazia.
— Parabéns, Sofia!
Sofia esfregou os olhos. Tentou lembrar-se do que acontecera no dia anterior. Mas tudo se assemelhava às peças soltas de um quebra-cabeça. Uma peça era Alberto, outra Hilde e o major. Uma era Berkeley, outra Bjerkely. E a mais escura era o terrível temporal. Sofia quase ficara em estado de choque. A mãe enxugara-a e metera-a na cama depois de lhe ter levado uma caneca de leite quente com mel. Sofia adormecera imediatamente.
— Acho que estou viva — balbuciou então.
— Claro que estás viva. E hoje fazes quinze anos.
— Tens a certeza absoluta?
— Tenho a certeza absoluta, sim. Achas que uma mãe não sabe quando nasceu a única filha? Foi no dia 15
de Junho de 1975, às... à uma e meia. Foi sem dúvida o momento mais feliz da minha vida.
— Tens a certeza de que tudo isto não é apenas um sonho?
— Seja como for, tem que ser um bom sonho, se acordas com pão de passas, limonada e presentes de ani-versário.
Ela pousou o tabuleiro com os presentes numa ca-deira e saiu do quarto por pouco tempo. Quando voltou, trazia mais um tabuleiro com pão de passas e limonada. Pousou-o aos pés da cama de Sofia.
Seguiu-se uma manhã normal de aniversário a abrir os presentes, enquanto a mãe lhe falava das dores de parto há quinze anos. Da mãe, Sofia recebeu uma raquete de tênis.
Nunca tinha jogado tênis, mas havia um campo a dois minutos de Klöverveien. O pai enviara-lhe um mini-televisor e um rádio de ondas curtas. A tela não era maior do que uma fotografia normal. Havia ainda presentes de velhas tias e amigos da família.
Por fim, a mãe disse:
— Achas que hoje devo tirar folga?
— Não, por quê?
— Ontem estavas bastante transtornada. Se isto continua assim, acho que devemos marcar uma consulta para um psicólogo.
— Deixa estar.
— Foi apenas o temporal — ou esse Alberto tam-bém tem algo a ver com isto?
— E o que é que se passa contigo? Tu perguntaste passa conosco, minha filha?”.
— Eu estava a pensar no fato de andares pela cida-
de para te encontrares com gente estranha. Talvez seja culpa minha...
— Não é “culpa” de ninguém eu fazer um curso de filosofia no meu tempo livre. Vai para o escritório. Tenho de estar na escola às dez. Hoje entregam as notas, e depois ficamos livres.
— Já sabes que notas vais ter?
— Em todo o caso, mais cincos do que no último semestre.
Pouco depois de a mãe se ter ido embora, o telefo-ne tocou:
— Sofia Amundsen.
— Daqui fala Alberto.
— Oh...
— Ontem o major não poupou nas munições.
— Não percebo o que queres dizer.
— A trovoada, Sofia.
— Não sei em que é que devo acreditar.
— Essa é a primeira virtude de uma verdadeira fi-lósofa. Estou orgulhoso por teres aprendido tanto em tão pouco tempo.
— Tenho medo que nada disto seja real.
— Isso se chama angústia existencial, e em geral é apenas uma fase no caminho para uma nova tomada de consciência.
— Acho que preciso de uma pausa no curso.
— Há muitas rãs no teu jardim nesta altura?
Sofia sorriu. Alberto prosseguiu:
— Eu acho que devemos continuar. A propósito, parabéns! Temos de terminar o curso até à noite de S. Jo-ão. É a nossa última esperança.
— A nossa última esperança de quê?
— Estás bem sentada? Isto vai levar o seu tempo, percebes? Ainda te lembras de Descartes? — “Penso, logo existo”.
— No que diz respeito à nossa dúvida metódica, estamos de mãos vazias. Nem sequer sabemos se pensa-mos. Talvez se venha a verificar que nós “somos” pensa-mentos, e isso é completamente diferente de nós mesmos pensarmos. Pelo menos temos todo o motivo para supor que o pai de Hilde nos criou, que representamos uma es-pécie de entretenimento de aniversário para a Filha do major em Lillesand. Estás a acompanhar-me?
— Sim...
— Mas também há uma contradição nisso. Se so-mos inventados, não temos o direito de supor o que quer que seja. Nesse caso, toda esta conversa ao telefone é pura ilusão.
— E nós não temos nem um bocadinho de livre ar-bítrio. Nesse caso, o major planeia tudo o que dizemos ou fazemos. Assim, podíamos até desligar.
— Não, estás a simplificar demasiado.
— Explica-te!
— Queres afirmar que as pessoas planeiam tudo o que sonham? Pode ser verdade que o pai de Hilde “saiba” exatamente tudo o que fazemos.
Fugir à sua onisciência é tão difícil como fugirmos da nossa própria sombra. Mas — e eu comecei a elaborar um plano — não é claro que o major tenha decidido pre-viamente tudo o que vai acontecer.
Talvez ele o decida só no último momento — no instante da criação, portanto. Precisamente nessa altura, pode-se pensar que temos uma iniciativa própria que de-termina o que dizemos e fazemos. Essa iniciativa é muito
fraca em comparação com o enorme poder que o major exerce. Talvez estejamos indefesos em relação a coisas exteriores importunas como cães que falam, aviões a héli-ce, mensagens em bananas e trovoadas por encomenda. Mas não devemos excluir termos a nossa própria vontade, embora fraca.
— Mas como é que isso seria possível?
— O major sabe tudo do nosso pequeno mundo, mas isso não quer dizer que também seja onipotente. Pelo menos, temos de tentar viver como se ele não o fosse.
— Acho que percebo onde queres chegar.
— O truque seria conseguirmos fazer alguma coisa sozinhos, em segredo, uma coisa que o major não conse-guisse descobrir.
— Mas como é que isso é possível, se não existi-mos?
— Quem diz que não existimos? A questão não é se existimos, mas “o que” nós somos e “quem” somos. Mesmo que se verificasse que somos apenas impulsos na mente dividida do major, isso não significa que não te-nhamos nenhuma consciência.
— E também não nos retira o nosso livre arbítrio?
— Estou a trabalhar no caso, Sofia.
— Mas o pai de Hilde deve ter plena consciência de que tu “estás a trabalhar no caso”.
— Sem dúvida. Mas ele não conhece o meu plano. Estou a tentar encontrar um ponto de Arquimedes.
— Um ponto de Arquimedes?
— “Arquimedes” era um cientista do período hele-nístico. Ele afirmou — “Dêem-me um ponto fixo e eu moverei a terra”. Temos de encontrar um ponto como esse para sermos lançados para fora do universo interior
do major.
— Não será fácil.
— Tens razão. E só podemos escapar-nos quando tivermos terminado o curso defilosofia. Até lá, ele contro-la-nos. É obvio que decidiu que eu te devo orientar atra-vés dos séculos até à nossa época. Mas só faltam poucos dias, depois ele senta-se num avião algures no Médio O-riente. Se não nos tivermos libertado da sua pegajosa fan-tasia antes de ele chegar a Bjerkely estamos perdidos.
— Estás a assustar-me...
— Em primeiro lugar, tenho de te contar o indis-pensável acerca do Iluminismo francês.
Depois, temos de tratar a filosofia de “Kant” em traços gerais, antes de podermos falar do Romantismo. E, para nós, “Hegel” é uma ajuda importante. Ao tratarmos dele, não podemos ignorar a crítica indignada de “Kierke-gaard” à filosofia hegeliana. Temos de falar um pouco so-bre “Marx, Darwin e Freud”. Se conseguirmos ainda al-gumas observações finais sobre “Sartre” e o Existencia-lismo, podemos pôr o nosso plano em prática.
— É muita coisa para uma semana.
— Por isso temos de começar imediatamente. Po-des vir até cá agora?
— Tenho de ir à escola.Temos uma pequena festa de turma, e depois recebemos os diplomas.
— Esquece a festa! Se somos mera imaginação, en-tão é pura ilusão que limonada e doces saibam bem.
— Mas o diploma...
— Sofia, ou vives num universo extraordinário de um pequeno planeta numa de centenas de milhões de ga-láxias — ou és apenas um punhado de impulsos eletro-magnéticos na consciência de um major. E perante esta
situação falas-me de um diploma! Devias ter vergonha!
— Desculpa.
— Mas podes passar pela escola antes de vires ter comigo. Poderia exercer uma má influência em Hilde tu faltares ao último dia de aulas. Ela vai certamente à escola mesmo no dia de anos, porque é um anjo.
— Então eu vou logo a seguir à escola.
— Podemos encontrar-nos na cabana do major.
— Na cabana do major?
— ...clic!
Hilde deixou o “dossiê” cair nos joelhos. O pai ti-nha feito com que ela se sentisse de fato um pouco arre-pendida por ter faltado ao último dia de aulas. Que maro-to!
Ficou algum tempo sentada, tentando imaginar que plano Alberto iria tramar. Deveria ver a última página do “dossiê”? Não, isso era batota; devia antes despachar-se a ler.
Ela estava convencida de que Alberto tinha razão num ponto fundamental. Uma coisa era o seu pai ter uma idéia geral do que sucedia a Sofia e a Alberto, mas, en-quanto escrevia, não sabia certamente tudo o que ia suce-der. Talvez escrevesse a grande velocidade alguma coisa por descuido, que só descobrisse muito mais tarde. E era justamente neste “descuido” que Sofia e Alberto tinham uma certa liberdade. Mais uma vez, Hilde tinha quase a nítida sensação de que Sofia e Alberto existiam realmente. Mesmo quando o mar está calmo, isso não significa que nas profundezas não suceda alguma coisa, pensou.
Mas porque é que pensava assim? Em todo o caso, não era um pensamento claro. Na escola, Sofia recebeu felicitações e foram-lhe cantados os parabéns, como é ha-
bitual quando se trata de uma aniversariante. Talvez rece-besse muita atenção porque, diante dos diplomas e da li-monada, todos estavam agitados.
Depois de o professor se ter despedido dela com votos de um bom Verão, Sofia correu para casa. Jorunn procurou retê-la, mas Sofia gritou-lhe que tinha de tratar de uma coisa sem falta.
Na caixa do correio encontrou dois postais do Lí-bano. Em ambos estava escrito: “Happy Birthday — 15 Years”. Eram postais de aniversário comprados. Um dos postais vinha dirigido a “Hilde Möller Knag, a/c Sofia Amundsen.... O outro, pelo contrário, era mesmo para Sofia. Ambos os postais tinham o carimbo: “Contingente da Onu, 15 de Junho”. Sofia leu primeiro o seu próprio postal:
“Cara Sofia Amundsen! Hoje também quero felici-tar-te pelo teu aniversário. Muitos parabéns, Sofia! Muito obrigado por tudo o que fizeste até agora por Hilde. Cumprimentos, Albert Knag, major”.
Sofia não sabia bem como havia de reagir ao fato de o pai de Hilde lhe ter finalmente enviado um postal. De certo modo, achou isso comovente. No postal de Hilde estava escrito:
“Querida Hilde! Não sei nem que dia é nem que horas são agora em Lillesand. Mas, como disse, isso não é muito importante. Se bem te conheço, não estou muito atrasado para uma última ou pelo menos penúltima felici-tação. Mas também não podes levantar-te muito tarde! O Alberto vai falar-te dentro em pouco do pensamento do Iluminismo francês, concentrando-se em sete pontos. Es-ses pontos são:
Revolta contra as autoridades
Racionalismo
Pensamento do iluminismo
Otimismo cultural
Regresso à natureza
Cristianismo humanista
Direitos humanos” Os iluministas queriam libertar o cristianismo dos dogmas irracionais que, no decorrer da história da Igreja, tinham sido enxer-tados na mensagem simples de Jesus.
— Então entendo-os.
— Muitos professavam o chamado “deísmo”.
— Explica-te!
— Por “deísmo” entendemos uma concepção se-gundo a qual Deus criou o mundo há muito tempo, mas não se revela ao mundo desde então. Deste modo, Deus é o Ser supremo que se dá a conhecer aos homens apenas por meio da natureza e das suas leis — mas que não se revela de modo sobrenatural. Este “Deus filosófico” já nos aparecia em Aristóteles. Para ele, Deus era a primeira causa ou o primeiro motor do universo.
— Agora, já só nos resta um ponto, os “direitos humanos”.
— Mas, em compensação, esse é talvez o mais im-portante. Podes dizer de um modo geral que a filosofia iluminista francesa tinha uma orientação mais prática do que a inglesa. — Tiraram as conseqüências da sua filosofia e agiram de forma coerente com ela?
— Sim, os filósofos franceses do Iluminismo não se contentaram com concepções teóricas sobre o lugar do homem na sociedade. Lutavam ativamente por aquilo a que chamavam os “direitos naturais” dos cidadãos. Trata-va-se principalmente da luta contra a censura — ou seja, pela liberdade de imprensa. Em relação à religião, moral e política tinha de se assegurar ao indivíduo o direito de pensar livremente e de exprimir livremente as suas idéias. Além disso, lutou-se contra a escravatura, e por um trata-mento mais humano dos criminosos.
— Acho que estou de acordo com quase tudo.
— O princípio da “inviolabilidade do indivíduo” culminou finalmente na “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, que foi adotada em 1789 pela Assembléia Nacional Francesa. Esta Declaração dos Di-reitos Humanos foi uma base importante para a nossa
Constituição Norueguesa de 1814.
— Mas ainda há muitos homens que têm de lutar por esses direitos.
— Sim, infelizmente. Mas os filósofos iluministas queriam estabelecer determinadas leis a que todos os ho-mens tinham direito simplesmente por serem homens. Era o que entendiam por direitos “naturais”. Falamos a-inda hoje de “direito natural”, que pode estar em contra-dição com as leis oficiais de qualquer país. Ainda vemos indivíduos — ou populações inteiras — que reivindicam a escravatura e a opressão para estes “direitos naturais”, quando se defendem contra a anarquia.
— E o que é que se passava com os direitos das mulheres?
— A Revolução de 1789 estabeleceu uma série de direitos que deviam valer para todos os cidadãos. Mas, no fundo, só os homens eram considerados cidadãos. Porém, justamente durante a Revolução Francesa, vemos os pri-meiros exemplos de um movimento feminista.
— E não era sem tempo.
— Já em 1787, o filósofo iluminista Condorcet pu-blicou um tratado sobre os direitos da mulher. Nele con-cedia às mulheres os mesmo direitos naturais que aos ho-mens. Durante a Revolução de 1789, as mulheres partici-param ativamente na luta contra a aristocracia. Por exem-plo, foram as mulheres que dirigiram as manifestações que obrigaram o rei a abandonar o seu palácio em Versalhes. Em Paris, formaram-se diversos grupos de mulheres. A-lém dos mesmos direitos políticos que os homens, as mu-lheres exigiam também novas leis do matrimônio e outras condições de vida.
— Obtiveram esses direitos?
— Não. Como veio a suceder tantas vezes mais tarde, a questão dos direitos das mulheres foi levantada com uma revolução. Mas logo que tudo voltou a acalmar com um novo regime, o velho domínio dos homens foi restabelecido.
— É típico.
— Uma das mulheres que mais lutou pelos direitos das mulheres durante a Revolução Francesa foi Olympe de Gouges. Em 1791 — ou seja, dois anos após a Revo-lução — publicou uma declaração dos direitos das mulhe-res. A declaração dos direitos dos cidadãos não dedicara propriamente muitos parágrafos aos direitos naturais das mulheres. Olympe de Gouges exigia para as mulheres e-xatamente os mesmo direitos que para os homens.
— E qual foi o resultado?
— Foi decapitada. As mulheres foram proibidas de ter qualquer atividade política.
— Que horror!
— Só no século XIX é que o feminismo começou verdadeiramente — na França e por toda a Europa. E, muito lentamente, essa luta começou também a produzir frutos. Mas na Noruega, por exemplo, as mulheres só ob-tiveram o direito de voto em 1913. E em muitos países, as mulheres lutam ainda pela igualdade de direitos.
— Podem contar com o meu apoio.
Alberto olhou para o pequeno lago. Passado um pouco, disse:
— Acho que era tudo o que eu tinha a dizer sobre a filosofia do Iluminismo.
— O que queres dizer com “acho”?
— Não me parece que haja mais alguma coisa.
Enquanto ele dizia isto, algo sucedeu subitamente
no meio do lago. A água borbulhava vinda do fundo. E, em seguida, uma criatura enorme e monstruosa ergueu-se acima da superfície da água.
— Uma serpente marinha! — exclamou Sofia.
O escuro monstro contorceu-se várias vezes para frente e para trás, depois mergulhou de novo. E o lago ficou tão calmo como anterior-mente. Alberto desviara a vista.
— Vamos entrar — disse.
Levantaram-se e entraram na cabana. Sofia parou em frente às imagens de Berkeley e Bjerkely. Apontou pa-ra o quadro de Bjerkely e afirmou:
— Acho que Hilde mora algures nesta imagem. Entre as imagens estava agora pendurado um bordado onde se lia: Liberdade, Igualdade, Fraternidade.
Sofia voltou-se para Alberto.
— Foste tu que penduraste isto aqui?
Ele abanou a cabeça com uma expressão triste.
Sofia encontrou então um envelope no console da lareira. “Para Hilde e Sofia”, estava escrito. Sofia compre-endeu imediatamente quem era o remetente. Abriu o en-velope e leu alto:
“Minhas queridas Hilde e Sofia! O professor de fi-losofia da Sofia devia ter ainda sublinhado como a filoso-fia francesa do Iluminismo foi importante para os ideais e princípios sobre os quais assenta a ONU. Há duzentos anos, o slogan “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” aju-dou a unir a nação francesa. Hoje, estas palavras têm de unir todo o mundo. A humanidade é hoje uma grande família como nunca foi antes. Os nossos descendentes são os nossos filhos e netos. Que tipo de mundo herdam de nós?”
A mãe de Hilde chamou-a, porque “Derrick” co-meçava dentro de dez minutos e ela pusera a “pizza” no forno. Hilde sentia-se esgotada por ter lido tanto. Já estava a pé desde as seis horas. Decidiu passar o resto da tarde a festejar o aniversário com a mãe. Mas, antes de tudo, tinha de consultar a enciclopédia. Gouges... não. De Gouges? Também não. Talvez Olympe de Gouges? Não havia na-da! A enciclopédia não escrevera uma única palavra sobre a mulher que fora decapitada devido à atividade política a favor das mulheres. Não era escandaloso? Seria apenas uma invenção do pai de Hilde? Hilde correu para o piso térreo para consultar a enciclopédia maior.
— Tenho de ver uma coisa rapidamente — expli-cou à mãe, que a olhava estupefata. Retirou o volume de Forv a Gp e correu de novo para o quarto com ele. Gou-ges... lá estava!
“Gouges”, Marie Olympe (1748-93), escritora fran-cesa, teve um papel importante durante a Revolução fran-cesa, através de numerosos opúsculos sobre questões so-ciais e uma série de peças de teatro. Defendeu a opinião de que os direitos humanos também deviam ser válidos para as mulheres e publicou em 1791 “A Declaração dos Direitos das Mulheres”. Decapitada em 1793 por ter ou-sado defender Luís XVI e criticado Robespierre. (Lit: L. Lacour: “Les Origines du féminisme contemporaiImmanuel Kant nasceu em 1724 em Königsberg, uma cidade da Prússia Oriental, e era filho de um seleiro. Passou aí quase toda a sua vida até morrer com a idade de oitenta anos. Vinha de uma família extremamente cristã.
A sua fé cristã foi uma base importante para a sua filosofia. Tal como Berkeley, também ele queria salvar as bases da fé cristã.
— Eu sei o bastante sobre Berkeley, obrigada.
— Kant foi também o primeiro dos filósofos que tratamos que lecionava filosofia numa universidade. Era professor de filosofia.
— Professor?
— A palavra “filósofo” é usada hoje em dois senti-dos diferentes. Por filósofo, entendemos primeiro que tudo uma pessoa que procura encontrar as suas próprias respostas para as questões filosóficas.
Mas um filósofo pode também ser um conhecedor
da história da filosofia, sem desenvolver necessariamente uma filosofia própria.
— E Kant era um conhecedor?
— Era ambas as coisas. Se ele tivesse sido apenas um professor brilhante — ou seja, um conhecedor das idéias dos outros — nunca teria tido um lugar tão impor-tante na história da filosofia. Mas também é importante o fato de Kant ter conhecido realmente a tradição filosófica como nenhum outro. Ele estava tão familiarizado com racionalistas como Descartes e Espinosa como com empi-ristas como Locke, Berkeley e Hume.
— Já te disse que parasses de falar de Berkeley.
— Sabemos que os racionalistas consideravam que o fundamento de todo o conhecimento humano residia na razão. E sabemos ainda que os empiristas achavam que todo o conhecimento sobre o mundo provinha da expe-riência sensível. Hume tinha apontado para o fato de exis-tirem claros limites no que diz respeito às conclusões a que podemos chegar com a ajuda das nossas impressões sensíveis.
— E com quem é que Kant estava de acordo?
— Ele achava que todos tinham de certa forma ra-zão, mas também que todos estavam parcialmente erra-dos. A questão que os preocupava era aquilo que pode-mos saber sobre o mundo. Esse foi o projeto filosófico comum a todos os filósofos depois de Descartes.
Estavam em debate duas possibilidades: o mundo é exatamente como o percebemos — ou como a nossa ra-zão o representa?
— E o que achava Kant?
— Kant achava que tanto as sensações como a ra-zão tinham um papel importante no nosso conhecimento
do mundo. Ele defendia que os racionalistas davam dema-siada importância à razão e que os empiristas defendiam de forma parcial a experiência sensível.
— Se não me deres imediatamente um bom exem-plo, fica tudo no ar.
— Kant está de acordo com Hume e com os empi-ristas ao defender que devemos todos os nossos conheci-mentos às sensações. Mas — e nisto concorda com os racionalistas — na nossa razão também há condições im-portantes para o modo como compreendemos o mundo à nossa volta. Por conseguinte, há certas condições em nós mesmos que contribuem para a nossa concepção do mundo.
— E isso é que é um exemplo?
— Vamos antes fazer uma pequena experiência. Podes trazer os óculos daquela mesa?
Isso. Agora, põe-os.
Sofia pôs os óculos. Tudo o que estava à sua volta se tornou vermelho. As cores claras ficaram vermelho claro, as escuras vermelho escuro.
— O que é que vês?
— Vejo exatamente o mesmo que antes, mas agora é tudo vermelho.
— Isso se deve ao fato de as lentes determinarem o modo como vês a realidade. Tudo o que vês é uma parte de um mundo exterior a ti mesma; mas o modo como a vês está relacionado com as lentes. Não podes dizer que o mundo é vermelho, mesmo que te pareça vermelho.
— Não, claro que não...
— Se tu andasses agora pelo bosque — ou se esti-vesses em casa na Curva do Capitão —, verias tudo aquilo que sempre viste. Mas tudo o que visses seria vermelho.
— Desde que eu não tirasse os óculos, sim.
— Os óculos são a condição do modo como vês o mundo. E do mesmo modo, segundo Kant, também exis-tem condições na nossa razão que influenciam todas as nossas experiências.
— De que condições é que estamos a falar?
— Tudo o que vemos, é visto primeiro como fe-nômeno no tempo e no espaço. Segundo Kant, o tempo e o espaço eram as duas “formas da intuição” do homem. E ele sublinha que estas duas formas na nossa consciência são anteriores a qualquer experiência. Isso significa que podemos saber, antes de percebermos alguma coisa, que a vamos ver como fenômeno no tempo e no espaço.
Não conseguimos, por assim dizer, tirar os óculos da razão.
— Então ele considerava que compreender as coi-sas no tempo e no espaço era uma propriedade inata em nós.
— De certo modo, sim. O que vemos depende a-inda de termos crescido na Índia ou na Groelândia. Mas em toda a parte a nossa experiência do mundo é de uma coisa no tempo e no espaço, e sabemo-lo antecipadamen-te.
— Mas o tempo e o espaço não existem fora de nós?
— Não. Kant explica que o tempo e o espaço per-tencem à própria condição humana. Tempo e espaço são principalmente propriedades da nossa consciência e não propriedades do mundo.
— Isso é um modo de ver completamente diferen-te.
— A consciência do homem não é, portanto, uma
“cera” passiva que apenas registra as sensações exteriores. É uma instância que se exerce criativamente. A própria consciência contribui para determinar a nossa concepção do mundo. Podes comparar com o que se passa quando deitas água num jarro de vidro. A água toma a forma do jarro.
Do mesmo modo, as nossas sensações ajustam-se às nossas “formas da intuição”.
— Acho que percebo o que queres dizer.
— Kant afirma que não é apenas a consciência que se adapta às coisas. As coisas também se adaptam à cons-ciência. O próprio Kant chamava a isto a “revolução co-pernicana” na questão do conhecimento humano. Com isso, queria dizer que esta idéia é tão nova e diferente em relação à tradição como a afirmação de Copérnico de que a terra gira à volta do sol e não o inverso.
— Agora entendo o que ele queria dizer ao afirmar que tanto os racionalistas como os empiristas tinham uma parte da razão. Os racionalistas tinham esquecido a im-portância da experiência, e os empiristas não queriam ad-mitir que a nossa razão influencia a nossa concepção do mundo.
— Também a lei da causalidade — que, segundo Hume, os homens não podiam perceber — é para Kant um elemento da razão humana.
— Explica-me isso!
— Ainda te lembras que Hume afirmou que apenas vemos um nexo causal necessário por detrás de todos os fenômenos da natureza devido ao hábito.
Hume achava que não podemos ver que a bola de bilhar preta é causa do movimento da bola branca. Por isso, também não podemos provar que a bola preta pro-
voque sempre o movimento da bola branca.
— Ainda me lembro disso.
— Mas justamente aquilo que segundo Hume não podemos provar é visto por Kant como uma propriedade da razão humana. A lei da causalidade é sempre e absolu-tamente válida pelo fato de a razão humana ver tudo o que acontece como relação entre causa e efeito.
— De novo, eu diria que a lei da causalidade está na natureza e não no homem.
— Kant diz que está em nós. Ele está de acordo com Hume em não podermos saber com segurança o que o mundo é “em si”. Apenas podemos saber como o mundo é “para mim” — logo, para todos os homens. A distinção que Kant faz entre as “coisas em si” e as “coisas para nós” é a sua contribuição mais importante para a fi-losofia. Nunca podemos saber com segurança como as coisas são “em si”. Em compensação, podemos, sem qualquer experiência, dizer como as coisas são compreen-didas pela razão humana.
— E é mesmo assim?
— Antes de saíres de casa de manhã, não podes sa-ber o que vais ver nesse dia. Mas podes saber que apreen-derás como fenômenos no tempo e no espaço tudo aquilo que vires.
Além disso, podes ter a certeza de que a lei da cau-salidade é válida porque faz parte da tua consciência.
— Mas também podíamos ter outra estrutura?
— Sim, podíamos ter uma outra estrutura sensível. E, nesse caso, podíamos ter também uma outra percepção do tempo e do espaço, ou ser constituídos de tal modo que não procurássemos as causas dos fenômenos.
— Podes dar um exemplo?
— Imagina um gato que está deitado no chão da sala. Imagina que uma bola rola para dentro do quarto. O que faz o gato nessa altura?
— Eu já experimentei isso várias vezes. O gato vai a correr atrás da bola.
— Sim. E agora imagina que tu estás na sala em vez do gato. Se vês de repente uma bola que vem a rolar, também corres imediatamente atrás dela?
— Em primeiro lugar, volto-me para ver de onde vem a bola.
— Sim, por seres um ser humano, procurarás for-çosamente a causa de cada acontecimento. A lei da causa-lidade faz parte do que te constitui.
— E é de fato assim?
— Hume diria que não podemos sentir nem provar as leis da natureza, mas Kant não se conformava com isso. Acreditava poder provar a validade absoluta das leis da natureza ao mostrar que na realidade estamos a falar de leis do conhecimento humano.
— Uma criança pequena também voltaria a cabeça para saber quem tinha tocado na bola?
— Talvez não. Mas Kant afirma que a razão não está completamente desenvolvida numa criança porque ainda não pôde trabalhar com material sensível. Por um lado, temos as condições exteriores, das quais nada po-demos saber antes de as termos percebido.
Podemos dizer que são a matéria do conhecimento. Por outro lado, temos as condições interiores no próprio homem — por exemplo, vermos tudo como fenômenos no tempo e no espaço e também como processos que se-guem uma lei causal imutável. Podemos dizer que isso é a forma do conhecimento.
n”, 1900).
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CAPÍTULO XXXV: O BIG BANG
...nós também somos poeira de estrelas...
Hilde sentou-se confortavelmente no balanço, junto ao pai. Era quase meia-noite. Olharam para a enseada; no céu, delineavam-se as primeiras estrelas pálidas. Ondas suaves embatiam contra as pedras, sob a doca. O pai que-brou finalmente o silêncio:
— É uma idéia estranha, a de vivermos num pe-queno planeta, algures no universo.
— Sim...
— A Terra é um dos muitos planetas que giram à volta do Sol. Mas o nosso planeta é o único que tem vida. — E será o único com vida em todo o universo?
— Sim; é possível. Mas também é lícito pensarmos que o universo fervilha de vida, porque o cosmos é ex-tremamente grande. As distâncias são tão grandes que as medimos em minutos-luz e em anos-luz.
— O que é que isso significa?
— Um minuto-luz é a distância que a luz percorre num minuto. E é uma grande distância, porque a luz con-segue percorrer 300,000 quilômetros no espaço, em ape-nas um segundo. Um minuto-luz corres-ponde, por outras palavras, a 300,000 vezes 60, ou a 18 milhões de quilôme-tros. Um ano luz corresponde a quase 9,5 mil milhões de quilômetros.
— A que distância está o Sol?
— A pouco mais de oito minutos-luz. Os raios so-lares, que nos aquecem o rosto num dia quente de Junho, viajaram, portanto, oito minutos no espaço antes de che-
garem a nós.
— Continua!
— Plutão, o planeta mais afastado no nosso sistema solar (atualmente não é mais considerado um planeta 2006) — está afastado de nós um pouco mais do que cin-co horas-luz. Quando um astrônomo observa Plutão com um telescópio, vê na realidade o planeta como era há cin-co horas atrás. Podemos também dizer que a imagem de Plutão leva cinco horas para chegar até nós.
— É difícil imaginar, mas acho que compreendi o que queres dizer.
— Bom, Hilde, mas só agora começamos a orien-tar-nos. O nosso sol é uma entre quatrocentos mil mi-lhões de outras estrelas, numa galáxia a que chamamos Via Láctea.
Esta galáxia assemelha-se a um grande disco com muitos braços em espiral, e o nosso sol está situado num desses braços. Se observarmos o céu numa noite clara de Inverno, podemos ver uma larga faixa luminosa, porque olhamos para o centro da Via Láctea.
— É por isso que, em sueco, Via Láctea se diz “via do inverno”.
— A distância em relação à primeira estrela mais próxima de nós na Via Láctea perfaz quatro anos-luz. Talvez seja aquela estrela que vemos lá em cima, sobre aquela ilhota. Se imaginares que neste preciso momento um astrônomo está a observar Bjerkely lá de cima com um telescópio potentíssimo, veria Jerkely como era há quatro anos. Talvez visse uma moça de onze anos, aqui sentada, e a balançar os pés.
— Não tenho palavras.
— Mas isso é apenas a estrela que está mais próxi-
ma de nós. Toda a galáxia, ou “nebulosa”, como também se chama, tem a extensão de 90,000 anos-luz. Significa que a luz de uma extremidade da galáxia até à outra extremi-dade, leva todos esses anos a percorrê-la. Quando obser-vamos uma estrela na Via Láctea, que está afastada do nosso sol 50,000 anos luz, vemos como era há 50,000 a-nos.
— Esse pensamento é demasiado grande para uma cabeça tão pequena como a minha.
— Quando observamos o espaço, observamos o passado. Não temos outra escolha. Nunca sabemos como o universo “é” agora. Quando observamos uma estrela, que dista milhares de anos-luz, estamos a regressar a mi-lhares de anos atrás na história do espaço.
— É inacreditável.
— Mas tudo o que vemos, atinge o nosso olho sob a forma de ondas luminosas, ondas que precisam de tem-po para a sua viagem pelo espaço. Podemos fazer uma comparação com o trovão. Ouvimos sempre o trovão al-gum tempo após termos visto o relâmpago. Deve-se ao fato de as ondas sonoras se moverem mais lentamente do que as ondas luminosas. Quando ouço um trovão, ouço o estrondo de uma coisa que se deu há algum tempo. O mesmo se passa com as estrelas. Quando vejo uma estrela que está a milhares de anos-luz de distância, estou a ver o “trovão” de um acontecimento que se deu há milhares de anos no passado.
— Compreendo.
— Mas até agora falamos apenas da nossa galáxia. Segundo os astrônomos, existem cerca de cem mil mi-lhões no universo, e cada uma destas galáxias é formada por cem mil milhões de estrelas. A galáxia mais próxima
da Via Láctea é a nebulosa de Andrômeda: está a dois mi-lhões de anos-luz da nossa. Como vimos, isso significa que a luz dessa galáxia leva dois mil milhões de anos a chegar até nós, e que, quando observamos no céu a nebu-losa de Andrômeda, vemos como era na realidade há dois milhões de anos.
Se um astrônomo estivesse nesta nebulosa — estou a imaginar um pobre diabo, que dirige o seu telescópio para a Terra —, não nos consegue ver. Na melhor das hipóteses, descobre alguns homens primitivos com cére-bro minúsculo.
— Estou espantada.
— As galáxias mais afastadas, de que temos conhe-cimento, encontram-se a cerca de dez mil milhões de a-nos-luz de nós. Quando recebemos sinais destas galáxias, recuamos, portanto, “dez mil milhões” de anos na história do universo.
Trata-se do dobro do tempo da existência do nosso sistema solar.
— Estou a ficar tonta.
— Pode ser difícil compreender o que significa ver tão longe no passado. Mas os astrônomos descobriram uma coisa ainda mais importante para a nossa concepção do mundo.
— Diz-me!
— Nenhuma galáxia está imóvel no espaço, mas todas se movem a uma velocidade enorme, afastando-se umas das outras. Quanto mais longe estão de nós, mais velozmente parecem mover-se. Isso significa que a distân-cia entre as galáxias se torna cada vez maior.
— Estou a tentar imaginar isso.
— Se tens um balão e desenhas nele alguns pontos
pretos, estes afastar-se-ão cada vez mais entre si, confor-me vais soprando. O mesmo fenômeno sucede com as galáxias do universo. Dizemos que o universo se expande.
— Qual é o motivo?
— A maior parte dos astrônomos concorda em que a expansão do universo só pode ter uma explicação: há cerca de dezoito mil milhões de anos, toda a matéria que constitui o universo estava concentrada num espaço mui-to pequeno. A matéria era tão densa que a força da gravi-dade a tornou extremamente quente. Por fim, a tempera-tura atingiu níveis tão elevados e a matéria era tão densa e compacta que explodiu. Esta explosão é chamada o “big bang”.
— Fico arrepiada só de pensar nisso.
— O “bigbang” fez com que toda a matéria no u-niverso fosse lançada em todas as direções; à medida que arrefeceu, formaram-se as estrelas, as galáxias, as luas e os planetas...
— Mas estavas a dizer que o universo “continua” em expansão?
— E isso deve-se justamente à explosão que se deu há milhões de anos. O universo não tem uma geografia intemporal. O universo é um acontecimento, uma explo-são. As galáxias continuam a mover-se no espaço a velo-cidades enormes.
— E vai ser sempre assim?
— Há essa possibilidade, mas existe também uma outra: lembras-te que Alberto falou a Sofia sobre as duas forças que permitem aos planetas manterem constante-mente as suas órbitas à volta do Sol?
— Sim, não eram a força da gravidade e a da inér-cia?
— A relação que existe entre as galáxias é análoga, porque apesar de o universo continuar a expandir-se, a gravitação atua numa direção contrária. E um dia — daqui a alguns mil milhões de anos — talvez a gravitação faça com que os corpos celestes se contraiam novamente à medida que as forças provocadas por esta enorme explo-são comecem a diminuir. Teremos então uma explosão ao contrário, ou seja, uma “implosão”. As distâncias são tão grandes que isto acontecerá lentamente.
Podes compará-lo com o que sucede se deixares sair o ar de um balão.
— Isso significa que todas a galáxias serão compri-midas até formarem novamente um centro compacto?
— Vejo que compreendeste. Mas o que sucederá em seguida?
— Haverá provavelmente uma outra explosão que provocará uma nova expansão do universo, porque as mesmas leis naturais continuam a agir. Desse modo, for-mar-se-ão novas estrelas e novas galáxias.
— Um raciocínio correto.
No que diz respeito ao futuro do universo, os as-trônomos previram duas possibilidades: ou o universo continua a expandir-se eternamente e as galáxias afas-tar-se-ão entre si cada vez mais, ou o universo começará a contrair-se. O fator decisivo para o que pode acontecer é a massa total do universo; mas, até agora, os astrônomos não tiraram conclusões definitivas.
— Mas “se” o universo tiver tanta massa que se volte a contrair, isso não quer dizer que esses fenômenos de expansão e contração já aconteceram mais vezes?
— É uma conclusão aceitável, mas também há a possibilidade de o universo se expandir apenas uma vez.
Mas se continuar eternamente em expansão, há uma questão mais importante: de que modo terá tudo come-çado?
— Como é que surgiu aquilo que explodiu de re-pente?
— Para um cristão, é natural considerar o “big bang” como o momento da Criação: na Bíblia está escrito que Deus disse: “Faça-se luz!”. Talvez te lembres que Al-berto explicou que o cristianismo tem uma visão “linear” da história. A idéia de que o universo continuará em ex-pansão adequa-se mais à fé cristã.
— Ah!
— No Oriente, tem-se uma visão “cíclica” da histó-ria, ou seja, a história repete-se eternamente. Na Índia, por exemplo, encontramos uma antiga doutrina, segundo a qual o mundo continua a expandir-se e a contrair-se. Des-te modo, há uma alternância entre aquilo a que os hindus chamam o “dia de Brahma” e a “noite de Brahma”. Este pensamento adequa-se mais à hipótese da expansão e contração do universo, segundo um processo cíclico e-terno. Consigo ver à minha frente um grande coração cósmico que bate constantemente...
— Para mim, ambas as teorias são incríveis e fasci-nantes.
— E podem ser comparadas aos pensamentos con-traditórios sobre a eternidade que Sofia formulou no jar-dim: ou o universo existiu sempre ou foi criado do nada, de repente...
— Au! — Hilde bateu na cabeça.
— O que é?
— Acho que fui mordida por um pernilongo.
— Deve ter sido Sócrates, que tenta arrancar-te à
inércia...
Sofia e Alberto estavam sentados no carro e ouviam o que o major dizia a Hilde sobre o universo.
— Já pensaste que os papéis se inverteram com-plemente? — perguntou Alberto pouco depois.
— O que queres dizer?
— Antigamente, eram eles que nos ouviam, e nós podíamos vê-los. Agora, somos nós que os ouvimos, e eles não nos podem ver.
— Não é só isso.
— O que queres dizer?
— No início, não sabíamos que havia outra reali-dade, onde Hilde e o major viviam.
E agora, eles não sabem nada sobre a nossa reali-dade. — A vingança é suave.
— Mas o major podia intervir no nosso mundo...
— O nosso mundo era apenas fruto da sua inter-venção.
— Não quero perder a esperança de poder penetrar também no deles.
— Mas sabes que é impossível. Não te lembras do que aconteceu na estação de serviço? Eu vi como tentavas retirar aquela garrafa de coca-cola. Sofia ficou sentada a observar o jardim, enquanto o major falava sobre o “big bang”, a grande explosão. Foi justamente aquela expressão que a fez ter uma idéia.
Começou a remexer dentro do carro.
— O que é? — Nada. Abriu o porta-luvas, onde estava uma chave-inglesa, depois saiu do carro. Foi para junto do balanço e pôs-se em frente de Hilde e do pai.
Primeiro, tentou atrair o olhar de Hilde, mas não conseguiu. Por fim, levantou a chave-inglesa e bateu com
ela na testa de Hilde.
— Au! — exclamou Hilde.
Em seguida, Sofia bateu com a chave-inglesa na ca-beça do major, mas ele não reagiu.
— O que foi?
Hilde olhou para ele:
— Acho que fui mordida por um pernilongo.
— Deve ter sido Sócrates, que tenta arrancar-te à inércia... Sofia deitou-se na relva e tentou empurrar o ba-lanço, mas ficou imóvel. Ou teria conseguido movê-lo um milímetro?
— Está a levantar-se um vento frio.
— Não, está uma temperatura amena. — Não é só isso. Há alguma coisa aqui.
— Só nós dois e esta suave noite de Verão.
— Não, há alguma coisa no ar.
— O quê?
— Lembras-te do plano secreto do Alberto?
— Sim, claro!
— Eles desapareceram da festa de repente, como se tivessem sido engolidos pela terra...
— Mais tarde ou mais cedo, a história tinha de aca-bar, de resto foi uma coisa que eu escrevi.
— Sim, mas não escreveste o que aconteceu depois. Imagina se estivessem aqui...
— Acreditas nisso?
— Eu sinto isso, papai.Sofia voltou a correr para Alberto.
— Impressionante — admitiu Alberto, quando ela voltou a entrar no carro com a chave-inglesa na mão. — Esta moça é dotada de poderes raros! O major pôs um braço à volta de Hilde.
— Estás a ouvir o som maravilhoso das ondas?
— Sim.
— Amanhã levamos o barco para a água.
— Mas estás a ouvir como é estranho o sussurrar do vento? Estás a ver como as folhas dos choupos tre-mem?
— Este é o planeta vivo.
— Tu escreveste que havia alguma coisa nas entre-linhas.
— Sim?
— Talvez também haja alguma coisa nas entrelinhas deste jardim.
— Bom, a natureza está cheia de mistérios. Vamos falar sobre as estrelas no céu.
— E em breve haverá também estrelas na água.
— Sim, e quando eras pequena chamavas-lhes “fosforescências” do mar, e de certo modo tinhas razão, porque as fosforescências do mar e todos os outros orga-nismos são constituídas pela matéria que anteriormente estava junta numa estrela.
— Nós também?
— Sim, nós também somos poeira de estrelas.
— Que palavras bonitas!
— Quando os radiotelescópios captam a luz prove-niente de galáxias que estão a vários milhares de milhões de anos-luz de distância, mostram-nos o aspecto do uni-verso como era nos tempos primitivos. Vemos as galáxias mais longínquas, por assim dizer, logo a seguir ao “big bang”. Tudo o que um homem pode ver no céu, são fós-seis cósmicos que têm milhares e milhões de anos. A úni-ca coisa que um astrólogo pode fazer é prever o passado.
— Porque as estrelas que formam as constelações
se afastaram umas das outras antes que a sua luz chegasse até nós?
— Há alguns milhares de anos, as constelações ti-nham uma forma completamente diferente da que têm hoje.
— Não sabia.
— Quando a noite é clara vemos a história do uni-verso há milhões, sim, há mil milhões de anos. De certo modo, voltamos a casa.
— Explica isso melhor.
— Nós também nascemos com o “big bang”, por-que toda a matéria do universo forma uma unidade orgâ-nica. Nos tempos primitivos, toda a matéria estava con-centrada numa massa tão pesada que uma cabeça de alfi-nete pesava muitos milhares de milhões de toneladas.
Essa “matéria primordial” explodiu devido ao ex-cesso de gravidade, e desfez-se em muitos bocados. Mas quando olhamos para o céu, tentamos encontrar um ca-minho que nos leve lá acima.
— É uma maneira estranha de pôr as coisas.
— Todas as estrelas e galáxias do espaço são for-madas pela mesma matéria. Parte dessa matéria compri-miu-se. Uma galáxia pode estar a mil milhões de anos-luz de outras, mas todas têm a mesma origem. Todas as es-trelas e planetas são da mesma família...
— Estou a ver.
— E o que é essa matéria? O que é que explodiu há milhões de anos? De onde é que veio?
— Esse é o grande mistério?
— Mas é uma coisa que nos diz respeito, porque nós também somos feitos dessa matéria. Somos uma cen-telha da grande fogueira que foi ateada há milhões de a-
nos.


Neste dia, o Recanto estava tão triste que deu dó de mim ao lembrar de tanta alegria desfilando no meu terreiro, tanta gargalhada na molequeira, na conversa fiada que quem desse mundo não estava lá não sabe o que perdeu. Mas o Recanto foi feito pra ser um pedaço diferente do mundo, e assim será....

A Opus Dei é uma organização dentro da Igreja Católica, que
goza de privilégioso no vaticano, Tendo Inclusive poder de manipular as decisões do Papa. A Opus dei, se baseia em ensinamentos e regras do tempo da inquisição, para se manter.
Os numerários são submetidos aos mais animalescos tipos de
flagelos, e são induzidos a acreditarem que seu próprio corpo é
seu inimigo - São obrigados a usar uma espécie de macacão
anti-masturbação, para que a doença do erotismo mental não domine sua mente.Existem vários depoimentos de pessoas que
deixaram a Opus Dei, e muitos dêles alegam que foram introduzidos na Opus Dei, enganados. Outros, dizem que gostam do regime da Opus Dei.
4 anos atrás




NUM   DIA   MEIO   TRISTE
João Almeida

A SOMBRA  DAS  QUATRO   VEIO....
O VENTO E A BRISA TAMBÉM.
TRÊS BORBOLETAS AMARELAS
DANÇAVAM SOBRE O JARDIM,
E  ENQUANTO  NUVENS  BRANCAS
SE ARRUMAVAM  NO CÉU,
UMA ESQUADRILHA DE GARÇAS
CORTOU  O  MEU ESPAÇO,
FAZENDO PARECER SER ALI
UM DIA DE FESTA...

VINHERAM OS CARDEAIS,
AS ROLINHAS E OS TZIUS.
GIRANTES , CANÁRIOS DA TERRA,
SOFRÊS , SANHAÇOS E TIÊS.
AS SABIÁS JÁ ESTAVAM,
DESDE CEDINHO QUE CANTAM,
NÃO VINHERAM...MORAM  AQUI.

VEM TANTA GENTE...
QUER DIZER,  GENTE  MESMO, NÃO...
MAS QUANDO SE ESTÁ SÓ,
UM MOSQUITINHO QUE SEJA
FAZ COMPANHIA...

VINHERAM AS FRUTAS...COMO  QUE  SAINDO,
DETRAZ  DE  UMA CORTINA DE FOLHAS,
SE APRESENTAM...
LIMAS, ARAÇÃS E MANGAS,
OLHEM  LÁ UM CACHO DE ACEROLAS,
UM RAMO PRETINHO DE AMORAS...

MAS AÍ, VEIO UMA TRISTEZA
NOS VERSOS DE SEU ZÉ
QUE SÓ LABUTA CANTANDO
E ESTÁVA PERTO POR TRÁS DO BANANAL:

“MEU COQUEIRO DE TÃO ALTO,
JOGA CÔCO NA CIDADE.
MEU AMOR ALI  TÃO PERTO,
E EU MORRENDO DE SAUDADE.’

TEM  HORAS  QUE  NÃO SÃO FEITAS
PRA GENTE FICAR SÓ...
NÃO DOMINAMOS AS SENSAÇÕES,
MUITO MENOS....MUITO MENOS.....
AS SENSAÇÕES  DOS OUTROS....
AMANHÃ PODE NÃO VIR O SOL,
E ENTÃO NÃO TEREMOS SOMBRA.
MAS NO SEU LUGAR,
ATÉ UMA CHUVA PODE VIR...
ANOITECER MAIS CEDO...
MESMO SÓ, EU VOU ESTAR AQUI.

Neste dia, o Recanto estava tão triste que deu dó de mim ao lembrar de tanta alegria desfilando no meu terreiro, tanta gargalhada na molequeira, na conversa fiada que quem desse mundo não estava lá não sabe o que perdeu. Mas o Recanto foi feito pra ser um pedaço diferente do mundo, e assim será....







seria hoje uma sexagenária entediada com a vida a dois



Quando um pastor diz que o fiel está amarrado, geralmente é pela conta corrente. HYPERLINK "http://twitter.com/OCriador/status/9493954487" 6:23 PM Feb 22nd via web

Se Eu deixei Meu único filho morrer crucificado, pense o que Eu não seria capaz de fazer contigo. Portanto, comporte-se!
Alphonsus de Guimaraens
Ismália
Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


Alphonsus de Guimaraens (Afonso Henriques da Costa Guimaraens), nasceu em Ouro Preto (MG), em 1870



Eu conto carneirinhos
Adriana Kairos

Gosto de sonhar.
Penso que os sonhos são passeios da alma. Sabe,quando queremos espairecer. Sair por aí. Distrair.

Só que os sonhos fazem viagens bem mais empolgantes. Viajam pelas lembranças, exploram o desconhecido, visitam até o que tememos e nos assustam com terríveis pesadelos. Mas são só pesadelos.

Revemos amigos, outros bem mais queridos e encontramos até gente nova. Sim!!! Acredito nisso. Sabe quando vemos alguém pela primeira vez e dizemos: "Eu não te conheço de algum lugar?" Sei lá, mas eu acho que é lá das voltinhas dos sonhos, que já o vimos antes.

Por isso é que gosto quando a noite chega. E espero ansiosa a hora de dormir, só pra saber a surpresa que terei. Que passeio farei, embalada em canções antigas de ninar. Quem sabe hajam caminhos de jujubas e rios de refrigerantes, laguinhos de chocolate com patinhos de bombom. Sei lá... As vezes a grande viajem é refugiar-se apenas no inimaginável.

Não sou mística ou qualquer outra coisa. Nem gosto de religião. Só quero compartilhar os meus humildes pensamentos. E convidar a sua alma a pôr o pé na estrada te lembrando o quanto é bom sonhar.



Em síntese: A Neurolingüística parte do princípio de que o comportamento humano é dependente do pensar e das emoções da pessoa. Em conseqüência ensina a programar pensamentos e sentimentos de tal modo que redundem em comportamento desejado pelo indivíduo.

0 vocábulo "Neuro" professa a idéia fundamental de que todos os nossos comportamentos tem origem nos processos neurológicos da vi¬são, da audição, do olfato, do paladar; do tato e das sensações em geral. Percebemos o mundo através dos cinco (ou seis) sentidos externos que temos, e fazemos, em conseqüência, o nosso mapa do mundo. "Compreendemos" as informações assim recebidas e depois agimos. Somos psicossomáticos; o corpo e o psiquismo formam urna unidade inquebran¬tável, que é o ser humano.

a) nunca use negações explícitas ou implícitas. Exemplo de nega¬ção explícita: "0 meu filho não vai ficar doente". Exemplo de negação implícita: "0 sol será incapaz de queimar a minha pele". 0 primeiro exem¬plo poderia ser reformulado do seguinte modo: "0 meu filho continua e continuará sendo saudável". Seja o mais minucioso e preciso possível. Por quê? - Porque, se não for preciso, poderá obter algo que não corresponda ao seu anseio. Veja-se o caso da jovem que programou: "0 meu noivo vai voltar são e salvo da Guerra do Golfo e vai casar-se". Resultado: 0 noivo voltou são e salvo, mas casou-se com outra mulher. A formulação correta teria sido:
"0 meu noivo vai voltar são e salvo da Guerra do Golfo e vai casar-se comigo, dentro de um ano após a sua volta".

c) Use tempos verbais presentes (de preferência, o gerúndio) ou futuros com limitação de data, conforme o caso. Por conseguinte, diga: "A minha saúde está melhorando" ou "A minha esposa obterá um emprego cujo salá¬rio será superior a mil reais até o final do mês de dezembro de 1999".

Deve-se observar que, para algumas pessoas altamente questionadoras e analíticas, o uso do presente simples (eu sou, eu tenho) pode gerar conflito com o eu médio, pois se fixará na incompatibilidade entre o presente real e o presente programado. Para tais pessoas, é mais seguro o uso do futuro com limitação de data. - E por que a limitação de data é necessária? Pela razão seguinte: Se Marcelo, com 21 anos de idade, faz programação para ganhar dez mil reais, usando tempo futuro sem limitação de data, poderá acontecer que, aos 92 anos de idade, receba uma herança no valor de dez ml reais,... herança que ele não poderá utilizar por estar moribundo no hospital.

d) Faça suas programações diariamente, de preferência sempre no mesmo horário. Evite fazer programações durante os processos digestivos. Seja persistente e paciente.


São sugestões indiretas os passes, as águas "fluídicas", as ervas para chá e para banho distribuídas pelos espíritas e curandeiros; estes podem estar de boa-fé acreditando no valor medicinal de tais recursos; na verdade, não fazem senão oferecer estímulos-sinais, que condicionam os seus clientes e os levam ao desbloqueio psicológico de que necessitam.





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